16/08/2015 - 18:48
Protestos contra Dilma e PT reuniram 135 mil pessoas na avenida Paulista, segundo o Datafolha
Exatos 23 anos após o movimento Caras Pintadas, que exigiu o afastamento do então presidente Fernando Collor (PTB), a avenida Paulista foi tomada por mais pedidos de impeachment. Pela terceira vez no ano, manifestantes pediam a saída de Dilma Rousseff. O ato deste domingo 16, no entanto, reuniu 135 mil pessoas na capital de São Paulo, segundo o Datafolha.
De acordo com a Secretaria da Segurança de São Paulo, a Polícia Militar calculou que o protesto na Paulista reuniu 350 mil pessoas no horário de pico, às 16h. No Estado de São Paulo, segundo a PM, o total foi de 465 mil pessoas.
Apesar dos principais movimentos (Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados On Line) estarem mais alinhados, alguns manifestantes ainda destoam da maioria.
É o caso dos integrantes do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Vestidos com trajes sociais e tocando gaitas de fole, mais de 15 manifestantes afirmavam que o governo petista está destruindo os valores familiares. “Eles querem a legalização do aborto e falam sobre ideologia de gêneros”, diz Daniel Martins, coordenador de campanha e porta-voz do instituto. “Isso é a destruição da sociedade.”
Selfies, cervejas e roupas da seleção brasileira, novamente, tomaram conta da avenida Paulista. O discurso também foi o mesmo. Reclamações contra a inflação, os juros altos e o desemprego eram parte do coro. Exemplo disso foi o internacionalista Fernando Partan, de 27 anos, que perdeu o emprego no início de 2015 e, até agora, não conseguiu outra oportunidade. “A empresa que eu trabalhava fechou e a economia estagnada não ajuda na minha realocação”, diz Partan, que vê em Michel Temer uma boa saída para a crise. “Ele teria mais governabilidade que a Dilma.”
Mais radicais, os integrantes do grupo separatista São Paulo Independente, pediam a independência do estado paulista. “Somos a locomotiva do País, não faz sentido nós pagarmos impostos para outros estados usufruírem da nossa riqueza”, afirma o engenheiro industrial Gustavo Silva. De forma mais comedida, o administrador Marcelo Almeida, amigo de Silva, também pedia a saída da presidente. “Eu sou a favor do impeachment, mas não tenho nada a ver com o movimento separatista”, diz Almeida, encabulado.
Protesto é negócio
Alguns aproveitam a oportunidade para o marketing pessoal. A empresária Juliana Isen levantou a sua blusa em protesto à maneira que o Brasil vem sendo gerido. “Eu já tinha feito esse tipo de protesto nas outras manifestações e acho que é uma forma válida de expor o descontentamento”, afirma Juliana, que é a estrela de uma revista adulta por conta de suas exibições. “Mas todo o meu cachê será doado para uma ONG.”
De forma mais discreta, o ambulante Mauro José tentava levantar um dinheiro com a manifestação. Vendedor de água e cerveja, José pensava em faturar cerca de R$ 150 no domingo. “Mas o movimento está fraco, as pessoas estão gastando menos”, diz. Também comerciante de artigos para celular, como carregadores e capas, o vendedor teve que dobrar a sua jornada de trabalho para não ter queda na renda. “Votei na Dilma e me senti traído”, afirma José. “Agora tenho que suar mais para dar conta da minha esposa e dos meus dois filhos.”