11/09/2002 - 7:00
A fila começou a se formar para o mais exótico vôo turístico já imaginado. Aventureiros do mundo todo estão se candidatando a pagar perto de US$ 100 mil para conseguir um lugar entre os primeiros a viajar para o espaço em naves de turismo espacial. Não vale citar os milionários Dennis Tito e Mark Shuttleworth, que pagaram US$ 20 milhões e embarcaram em missões científicas russas. O serviço agora é turístico. As viagens só deverão começar em 2004, mas já há agências de viagens aceitando inscrições para os primeiros vôos. A grande disputa é para estar na primeiríssima nave a decolar com destino à órbita terrestre. Quem estiver no primeiro vôo entrará para uma lista histórica freqüentada por nomes como o do aviador Charles Lindbergh, o primeiro a cruzar o Atlântico com um avião, em 1927. Lindbergh fez sua travessia estimulado por um prêmio de US$ 25 mil, que estava destinado ao primeiro que voasse sem escalas de Nova York até Paris. Pois a corrida para o turismo espacial está sendo movida por um estímulo parecido. Várias empresas disputam o X-Prize, um prêmio de US$ 10 milhões para a primeira que colocar no ar um serviço regular de turismo para o espaço. A conquista fica para a empresa vencedora, mas o status de pioneiro não poderá ser negado também aos passageiros. Afinal, embarcar a bordo da primeira nave privada comercial do mundo exige uma coragem digna de um Lindbergh.
Seja quem for o primeiro a levar sua nave turística ao espaço, o formato do vôo está praticamente fixado pelas regras do X-Prize. Em primeiro lugar, a viagem não será longa. A nave deverá ficar duas horas e meia no ar. A parte mais longa do pacote turístico será em terra, em palestras sobre viagens espaciais e treinamento para enfrentar situações de gravidade zero. Segundo, cada passageiro terá a companhia de pelo menos outros dois no interior da nave, embora um dos consórcios na disputa, o americano Zegrahm Space Voyages, prometa oferecer seis poltronas. O destino do vôo também será o mesmo para todos: atingir uma altitude de 100 quilômetros acima da superfície do planeta.
Sem peso. Uma vez lá em cima, cada avião deverá ficar em
órbita por cinco minutos. Pouco, mas suficiente para dar aos
turistas as sensações experimentadas pelos mais treinados astronautas. Os motores da nave serão desligados e eles ficarão imersos no silêncio do espaço. Sentirão o corpo perder o peso e flutuar. E verão a Terra de fora. Verão a curvatura do planeta e a aura azulada que emana de sua atmosfera. Passados os cinco minutos, descerão de volta. Como, ainda não se sabe. Isso dependerá de qual for o consórcio vencedor da corrida. Há projetos que prevêem um pouso como o de um avião. A descida pode ser de pára-quedas na água, por exemplo, da mesma forma que chegavam de volta os primeiros exploradores do espaço.
Os destemidos encontram os pacotes para o espaço em agências especializadas nos roteiros de aventura. A US Airways, dos Estados Unidos, aceitará o pagamento em milhagem. Mas não é para quem viaja uma vez por ano. Serão necessárias 10 milhões de milhas acumuladas para uma passagem espacial. Se você tiver tantas milhas, ou estiver disposto a pagar os US$ 100 mil por uma passagem, prepare-se para passar também por um teste de saúde. Só decolarão pessoas que estiverem em excelente forma. Na volta, um prêmio extra: os viajantes receberão brevês em forma de asas, iguais aos que os astronautas profissionais ostentam.