Um novo estudo realizado pela University College of London (UCL) e publicado no periódico científico eClinicalMedicine é um dos primeiros a avaliar se a psicoterapia e terapias que usam a fala de forma geral, administradas rotineiramente em ambientes de saúde, podem ser úteis para aliviar os sintomas de depressão e ansiedade em pacientes com demência.

Muitos pacientes com demência fazem psicoterapia pois acabam sofrendo também com outras doenças, como depressão e ansiedade, com estudos apontado que cerca de 38% do total das pessoas com demência leve são afetadas por essas doenças, segundo o UCL.

+ Risco de demência pode ser reduzido em 22% por remédio para diabetes

+ Música ajuda pacientes com demência se conectarem com familiares

Em função disso, os pesquisadores decidiram pesquisar se essas terapias funcionam para quem tem demência.

Para isso, ele examinaram dados de mais de 2,5 milhões de pessoas com ansiedade ou depressão e que se trataram pelo serviço público na Inglaterra entre os anos de 2012 e 2019.

O NHS, o sistema público de saúde britânico, oferece o chamado IAPT, serviço que oferece terapias para o tratamento de ansiedade e depressão, incluindo TCC (terapia cognitivo-comportamental), aconselhamento e autoajuda guiada, com sessões presenciais, individualmente, em grupos ou online.

Para serem contados no estudo, os participantes tinham que ter sintomas depressivos como falta de interesse em fazer as coisas, problemas com o sono e sentimentos de mau humor.

Para examinar os resultados para pessoas que vivem com demência, os pesquisadores analisaram todos aqueles que tiveram um diagnóstico dessa doença antes de iniciar o IAPT – 1.549 pessoas no total.

Também foi usado um um grupo de controle com 1.329 pessoas para avaliar se os resultados da terapia para aqueles que vivem com demência diferem daqueles sem demência.

Resultados

Os pesquisadores descobriram que, entre as pessoas com demência, o tratamento provou ser clinicamente benéfico e 63% delas tiveram uma redução nos sintomas de depressão e ansiedade, após a IAPT. Além disso, 40% se recuperaram completamente.

Já no caso do grupo controle, 70% dos participantes viram uma melhora nos sintomas e 47% se recuperaram.

A autora principal do estudo, Georgia Belldisse, afirmou à UCL: “Ansiedade e depressão são muito comuns em pessoas com demência. Eles são extremamente debilitantes e associados a piores resultados tanto para a pessoa com demência quanto para seus cuidadores. Nossas descobertas sugerem que, embora as pessoas com demência tenham menos probabilidade de melhorar ou se recuperar do que aquelas sem demência, as terapias psicológicas oferecidas nos serviços de saúde mental da atenção primária podem ser benéficas para elas”, afirmou.

“Esperamos que o estudo encoraje encaminhamentos para aumentar o acesso e melhorar a vida das pessoas que vivem com demência”, completou.

O estudo foi financiado pela Alzheimer’s Society e a Wellcome.