23/03/2005 - 7:00
Ei, fique quieto, isto é uma festa!? A frase é contraditória, mas tem sido ouvida em alguns endereços badalados das barulhentas Nova York e Paris. A nova e sonora onda nestas metrópoles são as chamadas ?quiet parties?, ou festas silenciosas. Nelas, é proibido falar. Os convidados recebem papel e caneta e passam a noite trocando bilhetinhos, no melhor estilo do tradicional ?correio elegante? das festas juninas brasileiras. Mesmo sem bate-papo e música, a novidade faz sucesso e se espalha por vários países – até a China já teve sua versão. A primeira reunião sem som foi organizada pelo artista plástico Paul Rebhan e pelo escritor Tony Noe. Numa noite em novembro de 2002, eles saíram por Nova York à procura de um lugar para beber e conversar, mas em todos os bares, o barulho era ensurdecedor. Nasceram, dessa constatação, os criativos eventos de boca fechada.
Muitos vêem na nova tendência um retorno aos tempos românticos das cartas de amor. Outros alegam que as festas silenciosas são ideais para os tímidos. O fato é que elas têm cada vez mais adeptos. Para ajudar os interessados e ainda faturar com a novidade, Rebhan e Noe registraram o termo e franquearam os inovadores eventos para outras localidades. Por US$ 65 (cerca de R$ 155), a dupla oferece um manual de instruções detalhadas sobre a estrutura e o material necessários para realizar a reunião. Nada impede, porém, personalizações no modelo. Na versão francesa, apenas as duas primeiras horas de festa são silenciosas. Depois, a conversa e a dança estão liberadas. Há registros até de edições com os convivas fantasiados. No Brasil, as festas continuam a gritar em alto e bom som ? não há notícias de que as silenciosas desembarquem por aqui tão cedo.