08/07/2018 - 13:36
O PSOL vai protocolar nesta segunda-feira, 09, representação no Ministério Público do Estado (MP-RJ) contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB), bispo afastado da Igreja Universal. No mesmo dia, PSOL e PSDB vão solicitar ao presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe, que convoque o plenário da casa em caráter extraordinário (eles estão em recesso), para debater a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra o prefeito por improbidade administrativa por oferecer facilidades a pastores e fiéis de sua igreja no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e no pagamento de impostos. Além disso, os parlamentares querem que seja investigado o uso de um bem público, o Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, para campanha eleitoral.
Durante uma reunião realizada no Palácio da Cidade, na última quarta-feira, Crivella afirmou que ajudaria fiéis da Universal a fazer cirurgia de catarata e varizes pelo SUS e que daria auxílio a pastores que estivessem com problemas de IPTU em seus templos. Além disso, ele exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB Rubens Teixeira, que estava presente à reunião. Na última sexta-feira, o MP-RJ já havia informado que pretendia investigar as circunstâncias da reunião.
“Há sérios indícios de crimes cometidos pelo prefeito, que podem levá-lo ao impeachment. A câmara precisa se reunir imediatamente”, analisou a vereadora Teresa Bergher, que vai levar para os colegas também um requerimento de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Segundo o vereador Tarcísio Motta (PSOL), a reunião revela um aspecto grave da administração do prefeito, que “continua agindo como pastor e acha que pode gerir a prefeitura como se fosse sua igreja”: “Ele é prefeito e precisa se comportar como tal enquanto estiver à frente da Prefeitura do Rio. Não é possível admitir que qualquer pessoa tenha privilégios para ter acesso a cirurgias nos hospitais públicos e que processos com relação à isenção de IPTU sejam acelerados para fiéis ou pastores. Isso é inadmissível no regime republicano”.
A média de tempo de espera por uma cirurgia de catarata pelo SUS é superior a dois anos. O prefeito, no entanto, prometeu atender os fiéis indicados pelos pastores em não mais que duas semanas.