15/02/2018 - 17:22
O PT protocolou nesta quinta-feira, 15, um pedido para que a Comissão de Ética Pública da Presidência abra um processo contra o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, e recomendou que ele seja exonerado do cargo.
Na peça, assinada pelo líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), o partido afirma que houve “conduta indevida” de Segovia e que as declarações recentes sobre o inquérito aberto contra o presidente Michel Temer colocam “sob suspeição a própria lisura e efetividade da investigação”.
“Trata-se de conduta indevida e que demonstra, em tese, total submissão do investigador ao investigado, que vem a público fazer a defesa do presidente da República, quando deveria, com independência funcional e no sigilo dos autos, aprofundar as investigações em curso, de modo a submeter ao Ministério Público Federal e ao Poder Judiciário, uma opinião juridicamente fundamentada, sem juízos de valores distanciados da realidade da investigação”, diz o documento.
Em entrevista à agência Reuters, Segovia sugeriu que a tendência da PF é recomendar o arquivamento do processo, pois as investigações não encontraram provas de irregularidades envolvendo Temer no chamado Decreto dos Portos.
O caso deve ser analisado na segunda-feira, 19, quando ocorre a próxima reunião da Comissão de Ética. O presidente da comissão, Mauro Menezes, já tinha adiantado na quarta-feira que o tema seria discutido mesmo sem o ingresso de alguma representação.
Segovia chegou ao cargo em novembro do ano passado, por indicação pessoal de Temer e sob a suspeita de que a troca do comando da PF teria como objetivo frear as investigações da Operação Lava Jato.
As declarações de Segovia causaram reação dentro da própria Polícia Federal. Em mensagens aos colegas e nota, o diretor negou que tenha antecipado uma decisão pelo arquivamento da investigação.
Após a entrevista, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga Temer, em tramitação no Supremo, determinou que Segovia fosse intimado para prestar esclarecimentos. O diretor da PF vai responder aos questionamentos do ministro na segunda.