Após relatar em suas redes sociais ter sido vítima de homofobia pela farmacêutica Droga Raia por mais de um ano, o publicitário Galileu Nogueira e a empresa chegaram a um acordo indenizatório de R$ 40 mil. Deste valor, R$ 20 mil serão doados para a instituição paulistana Casa 1, que abriga jovens LGBTQI+ expulsos de casa.

O caso teve início quando o comunicólogo percebeu que em qualquer compra que fizesse, seja online ou presencial, surgia o termo ‘Gaylileu’ na nota fiscal. Adicionaram um ‘y’ no nome de origem dele, uma espécie de alusão à palavra gay com intuito de zombar da sexualidade dele, um homem homossexual.

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Galileu chegou, inclusive, a descadastrar o número das promoções e avisos que recebia via SMS para evitar o incômodo. “É um grande marco ter esse resultado em que a homofobia perde. Sinto que essa vitória pode inspirar outras pessoas da comunidade LGBTQI+ a lutarem pelos seus direitos. Poder reverter a indenização, vindo de um ato de homofobia em possibilidade de educação para comunidade é minha maior vitória”, confessou em entrevista ao Estadão.

O acordo entre as partes foi firmado último 30 de abril. Ficou estabelecido que Droga Raia pagará R$ 20 mil em única parcela por danos morais ao publicitário. Além disso, também arcará com o montante de R$ 20 mil em doação ao Centro de Acolhida LGBT Casa 1, em reconhecimento à responsabilidade social com pessoas expulsas de suas casas por conta da orientação sexual.

“Com a formalização da presente transação e após os pagamentos dos valores discriminados anteriormente, as partes e seus patronos reconhecem nada mais terem a reclamar, em juízo ou fora dele, em relação ao objeto desta demanda, seja na esfera moral ou material, juros, multas, acessórios, custos e despesas processuais, dando-se, mutuamente, quitação plena, geral, irrevogável e irrestrita”, estabelece trecho do documento que o Estadão teve acesso.

COM A PALAVRA, A DROGA RAIA

“A Droga Raia é uma empresa com mais de 115 anos, que se preocupa com a saúde e o bem-estar de seus clientes, aberta à diversidade, à pluralidade e a relações transparentes, portanto, somos contra qualquer ato de discriminação. Respeitamos a comunidade LBTQI+ e trabalhamos pela inclusão dessas pessoas em nosso quadro de funcionários, sempre preocupados com o bom atendimento dos nossos clientes em nossas farmácias.

Quando recebemos o relato do Sr. Galileu entramos em contato para marcar uma conversa pessoal e apresentar as iniciativas da empresa no campo da Diversidade, e mesmo com a sentença judicial determinando um valor bem abaixo do que estávamos negociando, entendemos que poderíamos manter o acordo nos valores combinados, aceitando a sugestão do cliente em destinar parte do valor à ONG Casa 1. Ficamos satisfeitos com o desfecho, pois sabemos que isso poderá contribuir com a promoção contínua da diversidade, e porque estamos aprendendo juntos como construir uma sociedade mais inclusiva.

Continuaremos investindo em treinamentos e conscientização dos nossos 50 mil funcionários para combater a discriminação, bem como no letramento de nossos executivos, que em 2021, tornaram-se sponsors nas agendas de gerações, gênero, LGBTQI+, pessoas com deficiência e raça/etnia.

Apesar de todas as nossas iniciativas sabemos que ainda há muito para avançar. Estamos trabalhando para que as nossas farmácias continuem sendo referências no acolhimento às pessoas, mantendo o máximo respeito e cuidado com clientes, funcionários e a sociedade em geral”.