Vladimir Putin “desistiu” de tomar Kiev para concentrar os esforços das forças russas nas áreas separatistas do Donbass, disseram altas autoridades militares dos Estados Unidos nesta quinta-feira (7).

“Putin pensou que poderia tomar rapidamente o controle da Ucrânia, tomar rapidamente o controle da capital. Ele estava errado”, declarou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, em audiência no Congresso.

“Acredito que Putin desistiu dos esforços para capturar a capital e agora está focado no sul e no leste do país”, completou Austin diante da Comissão das Forças Armadas do Senado.

Contudo, o resultado da guerra, que promete ser longa, segue incerto, analisou o chefe do Estado-Maior americano, general Mark Milley.

“Será um trabalho a longo prazo”, declarou. “Ainda resta uma grande batalha pela frente no sudeste, onde os russos pretendem concentrar forças e continuar seu ataque. Então veremos como isso vai acabar”.

A Ucrânia recebeu cerca de 60.000 sistemas antitanque dos Estados Unidos e aliados, e o exército ucraniano usa minas terrestres que obrigam os soldados russos a lutar em zonas onde ficam mais vulneráveis, explicou o general Milley.

O Ocidente também enviou aos ucranianos cerca de 25.000 sistemas antiaéreos de diversos tipos que impediram a Rússia de tomar o controle do espaço aéreo ucraniano, completou o militar.

Milley afirmou que o exército ucraniano pede agora o envio de tanques e de artilharia para repelir a próxima ofensiva russa.

“O terreno (no sudeste) é diferente do norte. É muito mais aberto e propício para as operações de blindados de ambos os lados”, explicou. “Eles precisam de mais tanques e artilharia, e é isso que pedem”.

O secretário de Defesa pareceu admitir que os Estados Unidos consideravam, pelo menos no início do conflito, que a Ucrânia não seria capaz de recuperar o controle das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, que agora se tornou o objetivo declarado de Moscou.

Questionado insistentemente pelo senador republicano Tom Cotton sobre a informação que a inteligência militar americana compartilha com os ucranianos, Austin admitiu que, até agora, não havia coberto as regiões separatistas.

“Nós fornecemos a eles inteligência para conduzir operações”, inclusive no Donbass, explicou.

Mas quando perguntado explicitamente por Cotton se essa inteligência se referia às áreas controladas desde 2014 por separatistas pró-Rússia, Austin reconheceu que as instruções dadas aos analistas militares até agora “não eram claras”.

“Queremos ter certeza de que isso está claro para nossas forças”, acrescentou. “Esse é o objetivo das novas instruções de hoje.”

Os serviços de inteligência americanos previram a guerra na Ucrânia com impressionante precisão, mas não anteciparam a forte resistência ucraniana. Também acreditavam que Kiev cairia em 48 horas e que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, seria imediatamente deposto e substituído por um regime pró-russo.