Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciaram nesta quinta-feira (5) um cessar-fogo para encerrar semanas de confrontos na região síria de Idlib e afastar o risco de escalada de tensões entre Moscou e Ancara.

Após mais de seis horas de negociações no Kremlin, sede da presidência russa, Erdogan anunciou numa coletiva de imprensa ao lado de Putin este cessar-fogo que começará na meia-noite de sexta, esperando que seja “duradouro”.

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Segundo o texto do acordo consultado pela AFP, os dois países realizarão patrulhas conjuntas na rodovia M4, um centro estratégico que atravessa a região síria de Idlib.

A Rússia e a Turquia planejaram um “corredor de segurança” de seis quilômetros em cada lado da rodovia (12 km), e os parâmetros dessa área serão definidos pelos dois países nos próximos sete dias, conforme o texto.

Este acordo deve encerrar semanas de intensos combates contra Idlib, a última fortaleza rebelde e jihadista no noroeste da Síria, onde a Turquia age contra as forças do regime de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia.

Esses combates causaram uma catástrofe humanitária, com quase um milhão de pessoas que fugiram em direção à fronteira com a Turquia e dezenas de soldados turcos mortos.

“Nosso objetivo é impedir que a crise humanitária se agrave”, disse Erdogan, embora tenha alertado que seu país “se reserva o direito de responder com todo o seu poder e em qualquer lugar a qualquer ataque do regime sírio”.

Putin, por outro lado, disse esperar que este texto sirva como “uma base sólida para acabar com os combates na região” e “o sofrimento da população”.

– Tensões Turquia-Rússia –

“Nem sempre concordamos com nossos parceiros turcos. Mas a cada momento crítico, graças a reuniões bilaterais, encontramos uma base comum”, afirmou o presidente russo.

A escalada dos combates em Idlib causou tensões diplomáticas entre a Rússia, aliada do regime sírio e a Turquia, que apoia os rebeldes, elevando o risco de confronto direto entre os dois países que se tornaram os principais atores internacionais no conflito sírio .

No início do encontro, Putin disse a Erdogan: “Temos que conversar para que isso não aconteça novamente e não destrua as relações russo-turcas”, enquanto seu colega turco esperava que a negociação “aliviasse a região e nossos dois países”.

A escalada de tensões em Idlib já fez fracassar os acordos concluídos entre os presidentes Putin e Erdogan em Sochi em 2018 para encerrar os combates nessa região e estabelecer uma zona desmilitarizada.

Também deu origem a acusações afiadas entre as duas capitais, que fortaleceram sua cooperação nos últimos anos na questão síria, apesar de seus interesses divergentes.

A Turquia acusou a Rússia de não respeitar os acordos de Sochi, que previam a garantia do status quo no terreno e a suspensão dos bombardeios em Idlib.

Em resposta, Moscou acusou Ancara de não cumprir sua parte dos compromissos e de não fazer nada para “neutralizar os terroristas” nesta região.

Na quinta-feira passada, pelo menos 15 civis, entre eles um menor, morreram durante os bombardeis aéreos russos em Idlib, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

A Turquia, que já abriga 3,6 milhões de sírios em seu território, exigiu na quarta-feira apoio europeu a “soluções políticas e humanitárias turcas na Síria”, essenciais, segundo Ancara, para estabelecer uma trégua e resolver a crise migratória.

A UE rejeitou a chantagem migratória de Ancara.

A Turquia, que acolhe mais de 3,6 milhões de sírios, pediu nesta quarta-feira o apoio europeu a “soluções políticas e humanitárias na Síria”, indispensável, segundo Ancara, para estabelecer uma trégua e resolver a crise migratória. A UE rejeitou taxativamente que o governo turco a chantageie usando o tema dos migrantes.

Também deu origem a acusações afiadas entre as duas capitais, que fortaleceram sua cooperação nos últimos anos na questão síria, apesar de seus interesses divergentes.

A Turquia acusou a Rússia de não respeitar os acordos de Sochi, que previam a garantia do status quo no terreno e a suspensão dos bombardeios em Idlib.

Em resposta, Moscou acusou Ancara de não cumprir sua parte dos compromissos e de não fazer nada para “neutralizar os terroristas” nesta região.