08/02/2023 - 9:32
O presidente russo, Vladimir Putin, teria decidido entregar aos separatistas pró-Moscou o míssil que derrubou o avião do voo MH17 da Malaysia Airlines na Ucrânia, em 2014, mas não há provas para processá-lo, ou levar terceiros à Justiça — anunciaram investigadores internacionais nesta quarta-feira (8).
A Equipe Internacional de Investigação Conjunta (JIT, na sigla em inglês) disse que há “fortes indícios” de que Putin aprovou o envio do míssil a separatistas pró-Rússia durante combates no leste da Ucrânia em 2014.
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A investigação foi suspensa, no entanto, porque “se esgotaram todas as pistas” sobre os responsáveis pela derrubada do avião, o que resultou na morte das 298 pessoas a bordo.
O Boeing 777 da Malaysian Airlines, que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur, foi abatido em 17 de julho de 2014 por um míssil Buk de fabricação soviética, quando sobrevoava a região do Donbass, no leste da Ucrânia, já amplamente controlada por separatistas pró-russos.
“Há fortes indícios de que o presidente russo decidiu fornecer o Buk TELAR aos separatistas da RPD”, declarou a JIT, em um comunicado, referindo-se à autoproclamada República Popular de Donetsk.
Segundo os investigadores, as autoridades russas chegaram a adiar a decisão de enviar armas para os separatistas ucranianos, porque, em junho de 2014, Putin estava na França para as comemorações do Desembarque da Normandia.
Na entrevista coletiva dada hoje em Haia, divulgaram o telefonema interceptado de um conselheiro dizendo que o atraso se devia ao fato de que “apenas um decide […], o que está atualmente em uma cúpula na França”.
Como Putin tem imunidade por ser chefe de Estado, é impossível processá-lo, disseram os investigadores.
“Por mais que falemos de fortes indícios, não se alcança o mínimo esperado de provas completas e conclusivas” sobre seu papel no incidente, acrescentaram.
– ‘Pistas esgotadas’ –
Os investigadores já haviam afirmado que o sistema de mísseis Buk foi transferido de uma base militar russa em Kursk e que estavam tentando descobrir quem fazia parte da tripulação e quem estava na cadeia de comando.
“Mas a investigação chegou ao seu limite. Todas as pistas foram esgotadas, de modo que a investigação foi suspensa. As provas são insuficientes para prosseguir com o processo”, disse a promotora holandesa Digna van Boetzelaer na entrevista coletiva em Haia.
A JIT é composta por membros de Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, os países mais afetados pelo tragédia.
Em novembro passado, um tribunal holandês condenou dois russos e um ucraniano à prisão perpétua pela queda do avião. Os três foram julgados à revelia.
Moscou negou qualquer envolvimento e considerou o veredicto “escandaloso”.
Ao anunciarem sua decisão em novembro, os juízes do processo na Holanda declararam que o míssil procedia da Rússia e que os suspeitos faziam parte de um grupo separatista controlado por Moscou. Mas eles apenas ajudaram a transferir o sistema de mísseis para a Ucrânia e não o dispararam.