Os trabalhadores que atuam diretamente com atendimento ao público, como caixas e operadores de telemarketing, da área jurídica são os que mais apresentam queixas relacionadas a saúde mental, de acordo com estudo feito pela consultoria Gattaz Health.

Segundo o levantamento, 13% apresentaram quadro de depressão grave e 43% apresentaram queixas de alguns sintomas. A pesquisa também apontou que 24% dos trabalhadores possuem sintomas de ansiedade e 5% apresentam um quadro grave da doença.

“No levantamento nós identificamos que cargos administrativos que envolvem atendimento ao público, como caixas de banco ou atendentes de telemarketing apresentaram um índice pior de saúde mental”, explicou o professor do departamento de psiquiatria da USP e Chairman da Gattaz Health, Wagner Gattaz.

Na vice liderança, ficaram os profissionais da área jurídica. Já a terceira área com mais funcionários com mais sintomas ligados a depressão, ansiedade e burnout é a de multi-saúde, que engloba os trabalhadores de hospitais, exceto os médicos e profissionais de enfermagem.

Os índices de saúde mental nessas áreas ficou abaixo de outras profissões tradicionalmente associadas a estresse como a de executivos C-level (cargos de chefia), docentes e médicos. Veja quadro abaixo:

Nível de saúde mental conforme as áreas das empresas. Quanto maior o índice, melhor a saúde mental

Como foi feita a pesquisa

Foram ouvidos mais de 100 mil funcionários de 35 empresas brasileiras.

A pesquisa foi feita de forma online e anônima com os funcionários. Eles tiveram que responder de 0 a 5 sobre pontos como dificuldades para dormir, cansaço, desmotivação, maior irritabilidade, alteração no apetite e na libido entre outros sintomas. O questionário também identificou quadros de burnout e de uso abusivo de álcool.

“Existe aquele tipo de ansiedade ou depressão que apresenta alguns fatores, mas não é paralisante. O questionário consegue separar esses tipos de diagnósticos por setores e assim as empresas conseguem atuar de uma forma melhor na identificação e combate desses quadros”, afirmou. 

Venda de antidepressivo aumentou 16% em 2024

Outro dado que aponta a necessidade de um debate mais aprofundado sobre saúde mental e os quadros de depressão no país é o aumento nas vendas de medicamentos antidepressivos no Brasil em 2024 em comparação com 2023. 

Levantamento do hub de negócios e bem-estar Interplayers aponta que o consumo desses medicamentos aumentou 16% entre agosto de 2023 e julho de 2024. Entre fevereiro e julho deste ano, o aumento foi maior: 21%. 

A pesquisa revela um crescimento significativo nas vendas na região Sudeste. Entre fevereiro e julho de 2024, Minas Gerais registrou alta de 35%, seguido por Rio de Janeiro (27%) e São Paulo (16%). Em contraste, o Rio Grande do Sul apresentou redução de 1% no mesmo período.

“Os índices de crescimento nas vendas de antidepressivos refletem uma demanda maior por tratamentos, além de evidenciar uma necessidade urgente de intensificar os esforços de conscientização e prevenção em relação às doenças mentais”, declara Tales Godoy, diretor de Data & Analytics da ECS.    

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quadros de saúde mental custam mais de US$ 3,5 trilhões para as empresas por ano. Esse prejuízo envolve questões como absenteísmo, turnover e o presenteísmo, quando um funcionário se apresenta ao trabalho, mas não consegue render de forma adequada. A OMS também aponta que a cada US$ 1 investido em saúde mental dá um retorno de US$ 5 para a economia mundial. 

“As empresas já estão conscientes de que isso leva também a um prejuízo financeiro”, encerrou Gattaz.