04/02/2009 - 8:00

“Com a aquisição, entraremos em um novo momento no Brasil e queremos nos tornar uma referência no setor”
MARCOS PELIZZON, presidente da Emmeti Brasil
DESDE QUE DESEMbarcaram no Brasil, em 2003, os tubos de alumínio, aquecedores, válvulas e outros acessórios hidráulicos da italiana Emmeti conquistaram algum prestígio junto a profissionais do ramo. Mas em nenhum momento a empresa se tornou uma ameaça séria para concorrentes como Tigre e Amanco. Agora, isso pode mudar. Segundo apurou DINHEIRO, a companhia pretende comprar uma indústria do setor para fabricar seus produtos por aqui. Os alvos são empresas com grande potencial de crescimento, finanças em dia e um faturamento na casa dos R$ 450 milhões anuais. A intenção é fechar a aquisição ainda no primeiro semestre deste ano.
A concretização do negócio significará um tremendo salto de patamar para os italianos. Com ele, a Emmeti dobraria sua receita global, atualmente de ? 150 milhões. O Brasil foi escolhido a dedo pela multinacional. Em sua avaliação, trata-se do mercado de construção civil com maior potencial de crescimento do mundo e no ano passado foi responsável por 5% das vendas da companhia. “Com essa aquisição, entraremos em um novo momento aqui no Brasil”, diz Marcos Pelizzon, sócio dos italianos na Emmeti Brasil, com 50% de participação no capital.

FÁBRICA EM VIGONOVO, ITÁLIA: a Emmeti possui três unidades no país. A próxima será no Brasil
Até agora, a Emmeti importa todos os itens vendidos aqui. Com a fabricação em solo brasileiro, os custos encolheriam e a empresa se livraria do peso cambial das importações. Além disso, a filial brasileira se transformaria no centro de distribuição para abastecer outros países da América Latina. A decisão de apostar pesado no Brasil é resultado da recente aquisição de 65% da companhia pelo grupo de investidores da Itália PM & Partners. Há projetos de expansão para outras partes do mundo, mas nenhum com dimensão semelhante ao desenhado para o Brasil, segundo Pelizzon. Isso porque, dos 50 países onde a empresa atua, a filial brasileira foi uma das poucas que apresentaram aumento de vendas de 10% em 2008. “Nosso crescimento só não foi maior por conta da virada do câmbio”, afirma Pelizzon.

Por aqui, a estratégia é reforçar as apostas nos tubos multicamadas, carro- chefe da empresa. Comum no mercado europeu, o produto é revestido de polietileno reticulado por dentro e por fora, que lhe dá mais resistência à pressão da água e às altas temperaturas. “Essa matéria-prima o torna maleável, com aplicação direta em alvenaria, sem necessidade de emendas”, explica o sócio. Outros produtos oferecidos pela empresa são o sistema de aquecimento de ambiente pelo piso e o de aspiração de pó embutido nos rodapés dos cômodos dos apartamentos. “A empresa é muito conhecida lá fora e queremos nos tornar referência no Brasil com mais rapidez”, conclui ele. Para atingir essa meta a Emmeti ainda tem um longo caminho a seguir, segundo especialistas. “Aqui ela terá de enfrentar concorrentes que investem pesado em marketing para divulgar suas marcas para usuários finais”, comenta Ivan Pinto, professor e diretor da ESPM, Escola Superior de Propaganda e Marketing. Mesmo assim, a empresa tem pretensão de continuar investindo na comunicação dirigida a engenheiros, arquitetos e técnicos do ramo, com ações focadas nos cinco mil pontos-de-venda do setor que comercializam seus produtos. “Se não há verba para investir forte em mídia de massa como faz a Amanco e a Tigre, a saída é focar em quem, no final das contas, indica e entende do produto”, explica o professor. “Nesse sentido, a Emmeti está no caminho certo”, conclui ele.