Os especialistas em vinho podem não saber o preço exato de um vinho, mas têm uma boa noção da faixa de preço dos principais rótulos do mercado. Mas até isso se perdeu com toda a variação do dólar, reflexo direto da crise econômica, e com a mudança do IPI, que passou para uma alíquota de  10% em dezembro do ano passado.

Vinhos que os especialistas imaginam que custam R$ 60 estão beirando os  R$ 100 e outros superam esta faixa. Esta foi uma das, digamos,  descobertas ao apurar a principal reportagem para a edição especial de vinhos da Menu, atualmente nas bancas.

A pauta era encontrar os chamados “bons achados”, rótulos brasileiros de  qualidade, capazes de competir com os importados e com preço de até R$ 80. Dos 17 especialistas entrevistados para a reportagem, seis citaram vinhos da Miolo como exemplo de tintos de boa qualidade e preço, com  destaque para o Quinta do Seival Castas Portuguesas. Mas este tinto é vendido, atualmente, por R$ 93,44.

O mesmo aconteceu com os rótulos da Cave Geisse. A vinícola pioneira em  revelar a qualidade dos nossos espumantes foi lembrada pela maioria dos especialistas consultados, mas seus rótulos custam a partir de R$ 88.  Neste quesito, vários também citaram a Cave de Amadeu, linha da Geisse em que as leveduras ficam um tempo menor em contato com a bebida e, assim, têm o preço mais em conta.

A linha de corte para esta reportagem era os R$ 80 e foi acrescida em dois reais para incluir o merlot da Pizzato. O tinto foi citado por 90%  dos entrevistados e imaginei que não deveria tirá-lo da lista por causa de dois reais.

Além do Castas Portuguesas, da Miolo, e do Nature, da Geisse, também  foram citados por pelo menos dois especialistas e tinham preço acima dos R$ 80 o Serena Pinot Noir, o L.A. Jovem Shiraz, da Luiz Argenta, o  Lidio Carraro Elos Cabernet Sauvignon, o Casa Valduga Brut (elaborado  pelo método champenoise), o RAR Pinot Noir (também feito pela Miolo) e dois rótulos da Salton, o Talento e o Desejo.