29/02/2016 - 0:00
A empresa de telefonia Oi, comandada pelo executivo Bayard Gontijo, fechou valendo menos de R$ 1 bilhão nesta segunda-feira 29. Para ser mais preciso: R$ 843,4 mihões. Neste ano, os papeis preferenciais já perderam mais de 30%. Há 15 meses, sua capitalização era superior a R$ 14 bilhões. Por esse preço, a combalida operadora é um alvo fácil para uma oferta hostil na bolsa de valores. Certo?
Errado. A Oi tem uma dívida estimada em R$ 60 bilhões e contava com uma fusão com a rival TIM, controlada pela Telecom Italia, para resolver parte de seus problemas.
A união era apoiada pelo fundo LetterOne, do bilionário russo Mikhail Fridman, que prometia uma capitalização de US$ 4 bilhões na Oi,caso o acordo fosse adiante.
Parte desse plano começou a ruir na semana passada, quando a LetterOne desistiu do negócio porque recebeu comunicação da Telecom Italia, que dizia não ter interesse em conversar sobre uma fusão.
Há vários problemas no horizonte da Oi, que precisam ser resolvidos rapidamente. Um deles é a sua enorme dívida. Na tarde desta segunda-feira, a agência Bloomberg publicou notícia dizendo que a empresa contratou assessores financeiros, sem citar nomes, para reestruturar seus débitos.
Na outra ponta, a companhia vê seu caixa ser asfixiado, limitando seus investimentos. E, num setor de capital intensivo, como o de telecomunicações, a falta de investimento é o caminho mais rápido para a obsolescência tecnológica.
Em outra vertente, a Oi briga para mudar o marco regulatório do setor de telecomunicações. Hoje, a empresa é uma concessionária. Com isso, precisa seguir regras de universalização na telefonia fixa.
Caso se transforme em uma autorizada, essas regras poderiam flexibilizadas. Esse gargalo regulatório, no entanto, precisa ser definido em Brasília. Sem isso, há pouco interesse dos italianos da Telecom Italia em sentar à mesa para negociar uma fusão com a Oi.
Operacionalmente, a Oi perde participação de mercado em todos os seus negócios ano após ano. A sua fatia de telefonia fixa, que era de 51,5%, em 2009, está em 35%, no terceiro trimestre de 2015, o dado mais atual.
Em banda larga, a empresa tem 25,3%. Há sete anos, era 38,2%. Em celular, mantêm-se em quarto lugar, com 17,9%. E em tevê por assinatura, tem pífios 6% – perdeu 0,7 ponto percentual em relação a 2014.
Nesse cenário, não há solução que não seja amarga para a Oi. Procurada, a Oi não quis dar entrevista.