Pouco mais de um ano após o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul, novas enchentes atingem o centro do estado em junho de 2025, pelo terceiro ano consecutivo.

Segundo o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rodrigo Paiva, as novas enchentes configuram um evento extremo acima da média, “confirmando o padrão de aumento de chuvas extremas e cheias no RS”.

As chuvas dos últimos dias já afetaram 125 municípios, deixando 6.018 desalojados, segundo divulgou a Defesa Civil do Estado na noite de sábado, 21. Um total de 1.332 pessoas estão em abrigos.

Até o momento, três mortes foram confirmadas, além de um ferido e uma pessoa desaparecida.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil não informaram se o evento é o segundo ou terceiro maior ocorrido no estado.

Até agora, vinte municípios decretaram situação de emergência e apenas um, Jaguari, se encontra em calamidade pública.

De acordo com o boletim da Defesa Civil seis rios se encontram em cota de inundação, a maioria tem tendência de estabilidade ou declínio no momento:

Uruguai (São Borja a Uruguaiana) – Tendência de lenta elevação

Ibirapuitã (Alegrete) – Tendência de estabilidade

Ibicuí (Manoel Viana) – Tendência de lenta elevação

Jacuí (Cachoeira do Sul até o delta do Jacuí) – Começando o lento declínio em Cachoeira do Sul e lenta elevação a partir de Rio Pardo

Ilhas da Região Metropolitana – Níveis variando entre estabilidade e declínio.

Caí (Montenegro) – Tendência de declínio

Sinos (Campo Bom e São Leopoldo) – Tendência de estabilidade em Campo Bom e lenta elevação em São Leopoldo.

Menor densidade populacional ameniza impacto

Embora ainda seja preciso aguardar o fim das chuvas para ter a dimensão total, Paiva estima que o evento atual se aproxima dos ocorridos em setembro e novembro de 2023 em termos de volume de precipitação e abrangência. Mas ocorreram em regiões diferentes e com impactos distintos.

“(O evento de 2025) foi abrangente espacialmente, mas a chuva foi maior no centro e oeste do estado, onde há menos densidade populacional comparado com a serra, vales e região metropolitana de Porto Alegre”, afirma.

Em 2023, as chuvas foram maiores na bacia do rio Taquari e no nordeste do estado, causando estragos maiores, assim como em 2024.

Embora tenha causado alagamentos também na serra, nos vales e na região metropolitana de Porto Alegre, a chuva dos últimos dias foi muito maior na região central do estado.