Esgotamento, erros de liderança, baixos salários: são vários os motivos que levam profissionais a pedirem demissão de seus empregos. Um levantamento da International Stress Management Association (Isma) mostra que o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout, por exemplo.

“Em muitos casos, o colaborador pode pedir demissão por acreditar que trabalha em um ambiente tóxico, o que acaba prejudicando o seu desempenho e sua saúde, tanto física quanto mental. Este ambiente pode ser caracterizado, principalmente, por assédios morais e / ou sexuais, baixa habilidade de as pessoas serem cordiais e de exercerem uma comunicação respeitosa”, avalia Kelly Guarnier, professora de gestão de carreiras do Ibmec RJ.

A maioria das empresas possui uma área de Compliance e de Governança, dedicada a receber denúncias sobre as situações descritas anteriormente. “A questão é que, em muitos casos, os problemas não são resolvidos ou até se revertem ao denunciante em perseguição e prejuízos morais e/ou materiais (por exemplo, o não recebimento de um reconhecimento devido)”, acrescenta a professora.

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Flávio Monteiro, professor de Direito Trabalhista do Ibmec BH, acredita que há outras possibilidades além de interesse em si. Para ele, o ambiente e o empregador podem apresentar motivos que levam o funcionário a ser forçado a sair do emprego, como assédio, burnout e política incorreta da empresa que violam direitos do empregado – como casos de homofobia e racismo.

“Há a rescisão indireta, quando o funcionário pede demissão por ‘culpa’ do empregador. Nesse caso, não é um interesse próprio, mas quando o empregador coloca situações de desrespeito de direitos, como integridade física e mental, ou direitos contratuais, como pagamento de férias, FTGS, ou outros”. Metas agressivas também podem entrar na lista de motivos.

Nesses casos, o empregado pode ajuizar a situação na Justiça do Trabalho, apresentando os argumentos e pedir a condenação da empresa. A lei que ampara esses casos está prevista no Art. 483 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Sem promoções

Outro motivo para pedidos de demissão pode estar relacionado a falta de perspectiva dentro da empresa. “O líder perde o tempo certo da promoção por acreditar que o profissional ainda não está preparado ou não apostar neste movimento. Quando o profissional investe em seu desenvolvimento, ele aguarda a oportunidade de crescer na companhia”, defende Kelly.

Efeitos de home-office

Entre 2020, segundo a Fundação Instituto de Administração (FIA), 46% das pequenas, médias e grandes empresas adotaram o modelo de trabalho home-office. A ‘moda’ seguiu e pode ser uma das causas para que funcionários busquem outras oportunidades e mudem de emprego.

“Após a pandemia, observa-se um movimento muito grande de pedidos de demissão em prol da qualidade de vida e bem estar. A partir do momento em que algumas empresas decidiram acabar com a possibilidade de o funcionário trabalhar de casa, que seja por alguns dias da semana, observa-se um estresse e uma rejeição à esta diretriz. Assim, é comum que haja pedido de demissão para manter esta qualidade de vida, mesmo sem ganhar incremento no salário, maior cargo ou até mesmo melhores benefícios”, explica Kelly.

QUANDO É HORA DE ‘PUXAR O CARRO’

Motivos para o trabalhador pedir demissão são muitos.

Um dos mais observados pelas novas gerações é o bem estar:

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