Zhang (acima): ?Se nosso cliente quiser uma solução personalizada, podemos desenvolvê-la no menor prazo possível?.

Chineses, todos sabem, são imbatíveis quando o assunto é produção de mercadorias em estado bruto e sem muita sofisticação, as chamadas commodities industriais. Graças à gigantesca escala, é difícil encontrar brinquedos, tecidos e, nos últimos tempos, aparelhos eletrônicos mais baratos do que os feitos na China.

A Huawei, maior empresa de telecomunicações chinesa, quer mudar essa imagem. Fabricante de equipamentos e software de telecomunicação, principalmente de infra-estrutura de rede, a empresa quer igualar-se a concorrentes no quesito inovação: de seus 40 mil funcionários, 48% são contratados em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Com receita anual de US$ 8,2 bilhões, a empresa tem 11 centros de P&D ao redor do mundo. No Brasil, mantém um centro de treinamento em Campinas (SP). Somados, tais investimentos significaram 11 mil pedidos de patentes e 1.844 registros até 2005. ?Se nosso cliente quiser uma solução personalizada, podemos desenvolvê-la no menor prazo possível?, diz Alex Zhang, vice-presidente da Huawei na América Latina.

No caso do Brasil, esse posicionamento significou negócios. No País desde 1999, fornecendo redes para operadoras como TIM e Telemar, a empresa começou timidamente, com quatro executivos chineses e um pequeno escritório. ?Como a maioria das operadoras são multinacionais, com negócios com a Huawei no Exterior, não foi difícil conquistar mercado?, diz Yan Di, gerente de marketing. O resultado é que o faturamento de US$ 40 milhões no Brasil, em 2003, saltou para US$ 200 milhões em 2005. Hoje, a empresa ocupa dois andares num prédio em São Paulo, com 500 funcionários. A Huawei chegou a anunciar a intenção de fabricar celulares no País, mas a inauguração, prevista para o início do ano, não aconteceu. A empresa não comenta o assunto, mas a desistência, segundo especialistas, teria ocorrido porque a margem em celulares é pequena. Por outro lado, o mercado de banda larga ? um em cada três equipamentos usados no País leva a marca Huawei ? tem crescido 40% ao ano. As operações de infra-estrutura também dão retorno maior. E isso rima com a estratégia da empresa: quando se investe em pesquisa, não faz sentido brigar pelo mercado de commodities.