Mesmo aqueles com pouco dinheiro podem ter imóveis na Suécia e na Itália, onde algumas casas são vendidas a preço de banana. Mas quando o negócio é bom demais para ser verdade, o barato pode sair caro.As fachadas sóbrias dos grandes blocos habitacionais de Götene têm pouco em comum com o ideal clássico da tradicional casa de madeira sueca em vermelho e branco. Mas os preços dos terrenos, vendidos a menos de 1 coroa (cerca de R$ 0,52) por metro quadrado, tornam atraente a cidade de 5 mil habitantes no sudeste da Suécia.

Por esse preço, um lote de 150 metros quadrados, tamanho necessário para construir uma casa para a família, sairia por menos de US$ 16.

Esse era o valor unitário de 30 lotes em Götene que passaram décadas abandonados. Mas ninguém parecia ter se interessado por eles, embora a cidade esteja localizada perto do popular Vänern da Suécia, o maior lago da União Europeia.

Ao oferecer os lotes por um preço tão baixo, a cidade espera atrair compradores para a região e dar nova vida a ela. Como parte do acordo, novos proprietários devem construir uma casa no terreno dentro de dois anos.

Apesar da pechincha, as vendas começaram lentas – até que um vídeo viral no TikTok e a repercussão internacional em veículos de língua inglesa levaram a prefeitura a ser inundada por propostas.

“Temos interessados da Europa, Ásia – principalmente Índia e Paquistão –, EUA, Austrália e até da América do Sul”, relata o prefeito Johann Mansson.

As vendas acabaram interrompidas. No início de agosto, os lotes restantes irão a leilão.

O êxodo rural da Europa

A situação em Götene é um exemplo de uma tendência que vem ocorrendo na Europa há anos.

Os jovens estão fugindo de cidades e vilarejos com poucas oportunidades de emprego para cidades maiores, que consideram mais atraentes. Isso cria um círculo vicioso em que a perda de habitantes e o declínio da infraestrutura se retroalimentam, fazendo com que cada vez mais pessoas busquem cidades maiores.

Com a ajuda de programas da União Europeia e de iniciativas ou ações de marketing locais, vilarejos como Götene tentam acabar com esse círculo antes que áreas inteiras virem ermas.

Isso porque, segundo especialistas, a tendência de migração para as cidades deve continuar. A Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, prevê que a população urbana vai chegar a 83,7% até 2050 – hoje ela é de cerca de 74%.

Casas de 1 euro na Itália

Os interessados em comprar casas na Itália têm conseguido obtê-las a preços baixos desde 2008. A maioria dos imóveis abandonados é leiloada por preços que começam com o valor simbólico de 1 euro e acaba sendo vendida por alguns milhares de euros.

Atualmente, cerca de 50 municípios italianos estão oferecendo as chamadas “Casa a un Euro” (casas a 1 euro) na esperança de reanimar seus vilarejos em declínio. A maioria dessas casas em ruínas pode ser encontrada na Toscana, em Apúlia ou na ilha da Sicília.

No entanto, os compradores têm que firmar um acordo com os municípios em que se comprometem a restaurar as casas. Alguns vilarejos exigem até mesmo que os compradores se mudem para as casas e se comprometam a não alugá-las a turistas.

E como muitos desses imóveis estão gravemente deteriorados, os custos de restauração podem ser extremamente altos.

Aqueles que não se intimidam com essas perspectivas e demandas podem encontrar ofertas em sites comerciais, nos sites das prefeituras ou por meio de iniciativas locais. A “StreetTo”, por exemplo, descreve-se como um coletivo de jovens que quer revitalizar o centro histórico da cidade de Cammarata, na Sicília. Em seu site, o coletivo diz que está procurando pessoas que participem ativamente com “novas vibrações e ideias” para renovar os becos antigos da velha cidade.

Preços muito baixos no interior da Alemanha

Na Alemanha, as áreas rurais central e oriental testemunharam um grave despovoamento desde a reunificação em 1990, enquanto suas cidades continuaram a crescer durante esse mesmo período.

Nos últimos anos, entretanto, essa tendência parece ter parado. Um estudo de 2023 do Instituto de População e Desenvolvimento de Berlim aponta que principalmente pessoas entre 30 e 49 anos e com filhos estão se mudando para a zona rural. A reviravolta parece ter sido impulsionada pela pandemia de Covid-19 e as possibilidades de trabalho remoto que ela trouxe.

Mas, apesar da reviravolta, ainda é possível encontrar ofertas no interior da Alemanha. Claro, não há equivalentes alemães para as casas de 1 euro da Itália ou para os lotes baratos da Suécia, mas portais imobiliários como o ImmoScout24 ainda apresentam regularmente casas por apenas alguns milhares de euros – como uma atualmente colocada para leilão em Wurzen, na Saxônia, por um preço inicial de 6,2 mil euros (R$ 36,8 mil), ou outra em Bobritzsch, na Saxônia, a partir de 9,2 mil euros (R$ 54,6).

Mas há quem busque casas e terrenos oferecidos de graça. Essas propriedades não pertencem a ninguém. É o caso, por exemplo, de imóveis que foram abandonados pelos donos – havia 1,2 mil desses em 2020 só no estado da Renânia-Palatinado, segundo as autoridades locais.

Doch eine Übernahme muss wohlüberlegt sein, denn die scheinbar kostenlosen Grundstücke können auch tief verschuldet sein. Die Hypothek bleibt bestehen und geht dann auf den nächsten Besitzer über.

Os possíveis compradores devem pensar duas vezes antes de mergulhar de cabeça, pois as propriedades aparentemente “gratuitas” às vezes podem esconder dívidas – que não são quitadas pelo “desaparecimento” do dono, mas são passadas adiante para o próximo comprador.