09/04/2003 - 7:00
É longa a estrada que leva aos circuitos da Fórmula 1. Se você pretende investir na carreira de seu filho nas pistas, e sonha com um novo Ayrton Senna, prepare-se: a conta é salgada. Para que um jovem piloto passe por todas as etapas como kart, Fórmula 3 sul-americana, Fórmula 3 inglesa até sentar no cockpit de uma equipe pequena como a Minardi, são necessários, no mínimo, US$ 7,7 milhões. ?Não basta ter uma raquete e uma bolinha para treinar como acontece no tênis?, diz Geraldo Rodrigues, diretor da Reunion Sports e Marketing, que já administrou a carreira de Rubens Barrichello e hoje está a frente dos contratos dos pilotos Gil de Ferran e Tony Kanaan, ambos da Fórmula Mundial. ?No automobilismo é preciso gastar muito dinheiro para alcançar as boas equipes?, afirma Rodrigues.
Os investimentos, hoje, são muito mais elevados do que há 30 anos, quando Senna sentou pela primeira vez num kart. Além do talento do piloto, o motor e as tecnologias embarcadas fazem diferença. Em 1984, o tricampeão alcançou a 2ª posição no GP de Mônaco com um carro da pequena Tolemann. Hoje, tal façanha seria impensável. Quem não anda em uma equipe de ponta não ganha. Para isso é preciso ter muito dinheiro. Mário Hellmeister, dono de uma rede de postos de gasolina e pai do corredor Alan Hellmeister, de apenas 16 anos, faz as contas na ponta do lápis. O jovem piloto foi bicampeão brasileiro de kart, acaba de partir para a F3 sul-americana e é uma das promessas na categoria. ?Em uma temporada de kart o custo foi de US$ 70 mil?, diz Mário.
Para ascender profissionalmente um piloto deve correr em várias categorias. Depois do kart, a etapa seguinte é a Fórmula Renault. Nela, deve-se desembolsar mais US$ 150 mil por ano. A partir
daí as cifras tendem a subir. A temporada de F3 sul-americana sai por US$ 350 mil, a F3 inglesa por US$ 750 mil e a F1, em uma equipe pequena, exige um capital inicial de US$ 6 milhões. As cifras milionárias são destinadas aos gastos com o carro, manutenção e equipe. Some-se, no pacote, o dinheiro para moradia, preparação física, viagens e um time de assessores para lapidar a imagem do piloto ? o que amplia a conta em pelo menos US$ 300 mil. ?Nem isso garante o sucesso?, diz Rodrigues, da Reunion Sports e Marketing. ?Só os bons pilotos são aceitos pelas escuderias.?