09/06/2010 - 8:59
Dia de jogo do Brasil é quase feriado nacional. Com a diferença que não é feriado. Cálculo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a pedido da Dinheiro Online, revelou que a economia brasileira deve perder cerca de R$ 24 bilhões este ano se a seleção canarinho se classificar em primeiro lugar do grupo G.
Os números se baseiam somente na interrupção durante três horas nos dias dos jogos do Brasil. Apesar das discussões filosóficas, o fato é que o país irá parar durante noventa minutos, no mínimo. Somem-se mais noventa nas grandes capitais para o trânsito antes da partida e outro tanto após o apito final em caso de vitória. Terminada a conta o dia estará praticamente perdido.
Apesar da euforia dos proprietários de bares, restaurantes, fabricantes de bebidas, alimentos, televisores e materiais esportivos, para alguns segmentos os jogos são sinônimos de perdas nas vendas. Dependendo do caso, pode chegar até 50%. A Federação do Comércio do Rio de Janeiro fez as contas: em cada dia parado o setor perde R$ 4,5 bilhões no país inteiro.
A fábrica da Volvo, em Curitiba, deixará de produzir 72 caminhões na sexta-feira, 25 de junho, dia do jogo entre Brasil e Portugal quando dispensará seus funcionários. A empresa sueca garante que o ganho motivacional que a dispensa gera nos funcionários compensa as perdas no período. Além disse, a Volvo explica que a produção dos veículos será somente postergada, não havendo perda real, pois as horas paradas serão computadas no banco de horas dos funcionários.
Para o vice-presidente de recursos humanos da Basf Brasil, Wagner Brunini, a polêmica pode ser resumida em uma frase. ?Tem coisa que se você faz não ganha nada, mas se não fizer perde.? A multinacional de origem alemã vai instalar telões para os funcionários da linha de produção assistir aos jogos.
Os funcionários da parte administrativa, entretanto, serão dispensados para as partidas que acontecem à tarde, mas eles devem compensar as horas perdidas. Para os jogos da manhã, os empregados serão liberados uma hora antes do início do jogo, devendo retornar às 14 horas. A Basf Brasil tem 3,5 mil funcionários. ?O futebol é a paixão nacional. É importante desenvolver essa ligação entre a empresa e os funcionários?, explica Brunini.
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O chefe da divisão de assuntos econômicos da Firjan, Guilherme Mercês, pondera que apesar da perda, o ganho extra de setores como alimentos e bebidas, eletroeletrônicos e vestuário devem manter a economia em equilíbrio no final das contas. ?É um cálculo impossível de ser feito com precisão, mas a experiência de outras copas mostra que as perdas não são fortemente sentidas?.
A empresa de recolocação Curriculum fez um levantamento com cerca de 560 empresas e concluiu que 36,75% delas não dispensarão seus funcionários para assistir às partidas da Copa do Mundo, enquanto os outros 63,25% dispensarão em dias de jogos da seleção brasileira.
Das empresas que dispensarão seus funcionários, 55,2% aproveitarão para fazer confraternizações internas, enquanto 19% afirmam que ainda não pensaram no assunto. 62,4% aproveitarão os dois primeiros jogos para reunir os funcionários na própria empresa, e 16% verão os jogos reunidos, mas fora do local de trabalho.
O outro lado
Não há um cálculo exato de quanto à conquista do hexa pode representar para a economia. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, realizados logo após a conquista do pentacampeonato em 2002, foram injetados no país R$ 30 bilhões. Isso pode dar a ideia de quanto o bom desempenho do time de Dunga poderá refletir no mercado nacional. Principalmente em relação a investimentos do exterior.
O economista e consultor na área de inteligência de mercado, Fernando Abarche, acredita que o sexto título mundial pode ser o grande atrativo para que investimentos de fundos internacionais sejam aplicados na infra-estrutura da Copa seguinte, que será disputada no Brasil. ?Para o mercado, é muito interessante uma empresa que associe seu nome com a imagem do país campeão e que vai realizar a próxima edição do evento?, avalia.
As vantagens da conquista na África podem se refletir ainda mais em 2014 no setor de turismo. ?Esse vai ser o segmento que mais se privilegiará se o Brasil for campeão esse ano, porque o interesse sobre o país vai crescer muito, o que é excelente para quem organiza um evento desse porte?, diz o economista.
Para o consultor, a exposição positiva do Brasil nos outros países é pequena, e conquistar a Copa traz um benefício direto em marketing, o que ajuda muito a despertar o interesse de fundos internacionais, que com a crise vivida atualmente na Europa e Estados Unidos hoje não tem muitas opções de onde investir.
Programe-se
Brasil x Coreia do Norte
15/6, terça-feira, às 15h30
Brasil x Costa do Marfim
20/6, domingo, às 15h30
Brasil x Portugal
25/6, sexta-feira, às 11h