Montar uma reserva financeira ou adquirir um bem de maior valor exige disciplina financeira, mas pode ser menos difícil do que parece. O planejador financeiro e especialista em mercado de capitais Idean Alves acredita que o principal erro cometido é deixar para guardar dinheiro só no final do mês.

“Você precisa guardar parte do que você ganha logo no começo do mês. O brasileiro tem costuma de esperar para guardar se sobrar, e aí na verdade falta”, afirma o especialista.

+Quanto eu preciso guardar por mês para juntar R$ 1 milhão em 10, 20 ou 30 anos

A dica do planejador é tentar definir uma quantia que você consiga separar do seu salário já no dia do pagamento. Depois, não deixar este dinheiro parado “embaixo do colchão”. Com a quantia aplicada em um investimento, ela poderá render juros que ajudam a alcançar sua meta mais rápido.

Veja abaixo simulações elaboradas por Idean Alves de quanto é possível alcançar em 5 anos investindo R$ 300, R$ 500 ou R$ 800 por mês:

Quanto dá para juntar em 5 anos?

Investindo R$ 300 por mês:

  • Com CDB com rendimento de 120% do CDI, você terá R$ 25.105,69
  • Com CDB com juros pré-fixado de 14% ao ano, você terá R$ 25.864,82
  • Com Tesouro IPCA+7%, você terá R$ 24.631,08

Investindo R$ 500 por mês em:

  • Com CDB com rendimento de 120% do CDI, você terá R$ 41.842,81
  • Com CDB com juros pré-fixado de 14% ao ano, você terá R$ 43.108,03
  • Com Tesouro IPCA+7%, você terá R$ 41.051,81

Investindo R$ 1.00 por mês em:

  • Com CDB com rendimento de 120% do CDI, você terá R$ 66.948,50
  • Com CDB com juros pré-fixado de 14% ao ano, você terá R$ 68.972,85
  • Com Tesouro IPCA+7%, você terá R$ 65.682,89

Como funcionam os CDBs e o Tesouro IPCA+

CDB é a sigla para certificado de depósito bancário. É um tipo de investimento disponibilizado por instituições financeiras que funciona como uma espécie de “empréstimo” ao banco: você deixa seu dinheiro lá por um certo prazo, e recebe uma remuneração na data de resgate.

As simulações de Idean Alves apresentam CDBs com dois tipos de rendimento. O primeiro é pautado no CDI, uma taxa que está sempre próxima da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Na simulação, Alves considerou uma taxa média de 10,65% durante o período.

Outa remuneração possível para o CDB é uma taxa de juros fixa e pré-fixada. No caso, foi utilizada a de 14% ao ano.

O terceiro investimento simulado foi o Tesouro IPCA+7%, um título que possibilita investir no Tesouro Nacional. O dinheiro permanece aplicado por um tempo e, no prazo de vencimento, é possível retirá-lo com o rendimento do IPCA (o indicador oficial da inflação do país) e uma taxa de juros extra. Na simulação, foi utilizada o bônus de 7%.

Todas essas aplicações podem ser acessados no aplicativo do seu banco ou corretora de investimentos. São classificados como investimentos de renda fixa, pois você já sabe qual será o rendimento no momento em que investe. Por isso, são considerados também seguros do que aplicações como ações, por exemplo.

Prazos mais longos garantem rendimentos maiores

Apesar da simulação considerar um prazo de cinco anos, existem tanto CDBs como títulos do Tesouro Direto com prazos maiores. “A gente tem aplicações para dez, quinze anos. Até o próprio Tesouro, tem títulos IPCA+ para 2060 ou 2065. Tem para todos os gostos”, diz Alves.

O planejador financeiro explica que, nos prazos mais curtos, a diferença de rendimento das aplicações é menor. “Por mais que você tenha uma taxa um pouco melhor aqui ou ali, a diferença acaba não sendo tão grande, mas com uma aplicação prolongada a diferença vira absurda.”

Assim, para prazos mais curtos, Alves afirma a disciplina para guardar todos os meses é “quase mais importante” do que os rendimentos. Já nos períodos mais longos, escolher uma aplicação mais rentável impacta mais seus ganhos.

“O fundamental é entender que existe uma melhor taxa para aquele prazo, e que quanto mais longo o período, maior o poder dos juros compostos”, conclui Alves.