O sonho de se aposentar com R$ 1 milhão brilha aos olhos de muito brasileiros. Mas quanto quanto dinheiro é necessário investir para chegar aos 65 anos com este valor?

Primeiramente, é importante entender que a quantidade de aportes e valor das aplicações irá variar de acordo com o momento em que se iniciam os investimentos. Quem começa a se preparar para a aposentadoria aos 20 anos, por exemplo, poderá aportar um valor menor do que quem começou aos 30 ou aos 40. O valor do aporte dependerá ainda da estratégia de investimentos adotada.

A pedido da IstoÉ Dinheiro, o gestor de investimentos da Hike Capital Ângelo Belitardo Neto elaborou algumas simulações de investimentos para quem busca juntar R$ 1 milhão até os 65 anos de idade.

O especialista calculou cenários para investimentos com duração de 45, 35 e 25 anos. Belitardo também considerou duas táticas possíveis para chegar à velhice milionário, de acordo com um perfil mais conservador ou moderado.

Simulação para perfil conservador

Investidores com perfil mais conservador evitam correr riscos. Assim, o recomendável é que busquem investimentos na renda fixa, uma modalidade mais segura do que a variável, que abrange aplicações como os títulos do Tesouro Direto, CDBs e debêntures.

Belitardo destaca, porém, que buscar fundos de investimentos em renda fixa com uma gestão especializada é mais indicado do que escolher os títulos por conta própria.

“Uma gestora consegue fazer uma gestão eficiente da curva de juros, ela consegue auferir ganhos seja em momentos de volatilidade”, explica. A “curva de juros” é o nome que se dá ao cálculo das expectativas de rendimentos dos títulos públicos.

“Eles [os gestores] possuem um aparato tecnológico, programas voltados ao mercado financeiro, responsáveis por mensurar variáveis econômicas, capazes de conseguir antecipar os movimentos das curvas de juros e da inflação”, diz Belitardo. “Essas gestoras precisam ser capazes de antecipar esse movimento e tomar decisões.”

Para além dos fundos de renda fixa, Belitardo recomenda investir em uma estratégia de “renda fixa ativa”, ou seja, fundos que investem em ativos com um pouco mais de risco e rendimento dentro da própria renda fixa. No caso, estão os fundos de debêntures incentivadas — títulos de dívidas emitidos por empresas — e os Fundo de investimento em direitos creditórios (FIDCs) — que investem em títulos de crédito.

Com investimentos nestas duas estratégias, o analista estima que seja possível conseguir um retorno de 11% ao ano — a taxa média histórica da taxa básica de juros desde o ano 2000.

Aporte único necessário para chegar a R$ 1 milhão aos 65 anos:

  • R$ 9.129,90 aos 20 anos
  • R$ 25.923,63 aos 30 anos
  • R$ 73.608,09 aos 40 anos

Caso o investidor consiga, para além do aporte inicial, realizar investimentos de R$ 500 reais ao mês, a meta pode ser batida ainda mais cedo: aos 47, 55 e 61 anos, respectivamente.

Aporte mensal necessário para chegar a R$ 1 milhão aos 65 anos:

Quem não tem orçamento para fazer um primeiro aporte volumoso, pode optar por fazer aportes mensais de valores menores. Nestes casos, o valor investido em cada mês deve ser de pelo menos:

  • R$ 84,46 a partir dos 20 anos, somando R$ 1.013,54 por ano
  • R$ 243,96 a partir dos 30 anos, somando R$ 2.927,49 por ano
  • R$ 728,35 a partir dos 40 anos, somando R$ 8.740,24 por ano

Simulação para perfil moderado

Caso o investidor tenha um apetite maior ao risco, é possível combinar as duas estratégias anteriores com investimentos em fundos de renda variável ou em uma carteira de dividendos.

“Dentro da renda variável a gente tem critérios para uma alocação eficiente que possa proteger a carteira, mas mesmo assim não estamos isentos de volatilidade”, explica Belitardo.

Com apoio dos rendimentos da renda variável, Belitardo acredita ser possível conquistar rendimentos de até 14% ao ano.

Aporte único necessário para chegar a R$ 1 milhão aos 65 anos:

  • R$ 2.749,68 aos 20 anos
  • R$ 10.193,66 aos 30 anos
  • R$ 37.790,16 aos 40 anos

Se o investidor realizar o aporte inicial e prosseguir com investimentos de R$ 500 por mês, a meta poderá ser batida aos 44, 53 e 60 anos.

Aporte mensal necessário para chegar a R$ 1 milhão aos 65 anos:

  • R$ 32,17 a partir dos 20 anos, somando R$ 386,02 por ano
  • R$ 120,15 a partir dos 30 anos, somando R$ 1.441,81 no ano
  • R$ 458,20 a partir dos 40 anos, somando R$ 5.498,40 no ano

Afinal, R$ 1 milhão é um bom valor para aposentar?

Belitardo destaca que o dinheiro necessário para viver uma aposentadoria com conforto varia a depender do estilo de vida de cada pessoa. É também necessário levar em conta que, na velhice, aumentam os gastos com saúde e bem-estar.

Para o especialista, o R$ 1 milhão é um bom valor mínimo caso seja usado corretamente ao longo de 30 anos na velhice. “É importante não deixar o dinheiro parado, para o dinheiro seguir rendendo mesmo após iniciada a aposentadoria”, diz.