Em plataformas como Uber e 99, quanto mais horas trabalhadas e mais corridas realizadas, maior é a remuneração do motorista. Mas quanto um trabalhador consegue tirar por mês trabalhando nesses aplicativos e quanto sobra após os abatimentos de taxas e gastos fixos?

Nas redes sociais, motoristas têm compartilhado seus ‘holerites’ e exibindo suas performances mensais. Bruno Antunes da Silva, conhecido como Ferinha dos Apps, postou no X que, em agosto, rodou mais de 6 mil km e tirou R$ 10.523 líquidos. Em uma das imagens compartilhadas ele mostrou que durante uma única semana trabalhou 80 horas e ganhou R$ 3.332,20.

 

Foto: Reprodução/ Ferinha dos Apps

Mas nem todos conseguem atingir esse patamar de renda.

De acordo a última pesquisa do Ipea sobre trabalho com aplicativos, em 2022 eram 1 milhão de motoristas autônomos do país trabalhando com transporte de passageiros, sem contar taxistas, com um rendimento médio de R$ 2.400 por mês.

Importante destacar também que o valor descontado pelas plataformas não é fixo, o que gera dúvidas e críticas sobre falta de transparência.

De acordo com as empresas, as taxas e comissões descontadas podem variar entre 15% e 25%, a depender do nível do motorista dentro das plataforma, das tarifas dinâmicas, de ofertas de carro ou trânsito e outras variáveis.

O Uber e a 99 disponibilizam em seus sites ferramentas para simular a estimativa de ganhos por horas trabalhadas na semana. Para uma jornada de 40 horas em São Paulo, a remuneração informada atualmente é de R$ 1.383 no Uber e de R$ 1.278,71 na 99.

R$ 8 mil por mês trabalhando 46 horas por semana

A reportagem do site IstoÉ Dinheiro conversou com Carlos de Campos, de 65 anos, enquanto estava em um trajeto para um evento. Ele topou abrir os valores que ganha, quais os seus gastos fixos e qual a taxa que a Uber pega por corrida. 

Depois de trabalhar por mais de 35 anos com comércio exterior no Brasil e nos Estados Unidos, ele passou a trabalhar como motorista de aplicativo em 2021, atuando principalmente na cidade de Jundiaí. “Trabalhando de segunda a sexta das 7h às 16h e no sábado até meio dia, eu tiro R$ 8 mil por mês”, contou. Nesse valor já é descontado os 22% que a plataforma pega das corridas, taxa cobrada de motoristas do nível Diamond.   

Ele conta que prefere trabalhar em Jundiaí por ser menos caótica que São Paulo. No entanto, quando vem para a capital para ver a mãe, também consegue pegar algumas corridas em seu Hyundai HB20 próprio. De acordo com os dados do aplicativo, da corrida que custou R$ 38,91, a plataforma ficou com R$ 15,56, enquanto Carlos levou R$ 23,35. Ou seja, nesta corrida especificamente a plataforma ficou com 39% do total.

Carlos contou que seu maior gasto fixo é o combustível. Ele tem que colocar R$ 80 de etanol todos os dias, o que no final dos 26 dias que ele trabalha no mês dá R$2.080. Além disso, ele gasta R$ 240 com seguro todo mês e de R$ 300 a R$ 400 com manutenções preventivas e trocas de óleo a cada dois meses.  

Com gastos recorrentes como a limpeza do veículo, alimentação fora de casa e IPVA do veículo, faz Carlos tirar, no final do mês, cerca de R$ 5.500.