Em recuperação judicial desde o ano passado, a OGPar lucrou R$ 303,4 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 4,7 bilhões, no mesmo período de 2013. Na segunda-feira 1º, outra boa notícia depois de tantos dissabores, como os vividos nos últimos dois anos: a petroleira do grupo do empresário Eike Batista recebeu US$ 90 milhões referentes ao segundo empréstimo de credores, conforme o previsto no plano de recuperação judicial. Mesmo assim, paira no ar uma indagação: isso é suficiente para fazer com que as ações da companhia, que caíram significativamente nos últimos meses, mereçam mais atenção dos investidores?

Na verdade, na avaliação dos especialistas, o melhor a fazer mesmo é evitar não apenas os papéis da OGPar ( nome com que foi rebatizada a antiga OGX), mas também os das outras duas empresas do grupo X negociadas em bolsa, a mineradora MMX e o estaleiro OSX. Juntas, elas valem R$ 935 milhões, contra R$ 3,2 bilhões há um ano, uma queda de 70,9%. Desde janeiro, as ações da MMX caíram 81%; as da OSX, 26,2%; e as da OGPar, 25%. Nos últimos 12 meses elas também sofreram quedas significativas em termos de negócios gerados na bolsa. A MMX viu seu volume mensal cair de R$ 835 milhões, em agosto de 2013, para R$ 75,6 milhões, em agosto deste ano.

O volume da OSX saiu de R$ 220 milhões para R$ 4,7 milhões, enquanto o da OGPar reduziu-se de R$ 3,2 bilhões para R$ 24,2 milhões. No caso da OGPar, as ações que valiam R$ 22,85 em 2010, no auge da empresa, estão cotadas a R$ 0,18. Esses números fazem com que profissionais como Valter Bianchi Filho, sócio da corretora gaúcha Fundamenta Investimentos, recomendem a seus clientes fugir de tudo o que cheire ao grupo X, como o diabo da cruz. “A imagem dessas empresas está tão manchada que é difícil acreditar em qualquer informação que elas emitam”, diz Bianchi Filho. “O investidor que quiser apostar nessas empresas deve ser altamente capacitado em métricas e ter conhecimento profundo em leis.”

A situação atual do grupo faz até com que entusiastas de primeira hora do “toque de Midas” do empresário Eike Batista reneguem o mito, depois de terem recomendado veementemente a compra de suas ações no passado. Felipe Miranda, sócio da empresa de análise Empiricus, de São Paulo, é um desses desiludidos. Segundo o analista, não há motivos para se expor a um risco elevado como esse. “A empresa oferece um racional complicado e uma visibilidade baixíssima para o investidor”, diz Miranda. “A baixa visibilidade e o risco elevado não compensam.” A dificuldade de obter informações sobre as três empresas levou diversos analistas, como o paulista Pedro Galdi, da SLW Corretora, a desistir de acompanhar o seu desempenho.

“Tenho orientado os investidores a buscarem ativos com fundamentos fortes para posicionamento”, afirma Galdi. No entanto, mesmo em um cenário de pessimismo, há exceções. Rogério Freitas, analista da corretora Teórica Investimentos, do Rio de Janeiro, diz que recomenda a compra da OSX, pois a empresa apresenta oportunidades. “Na verdade, para quem entende os riscos e conhece o valor dos ativos da empresa, isso gera uma grande oportunidade”, afirma Freitas. “À medida que os investidores liquidam suas posições, o valor de mercado torna-se irrisório, oferecendo excelente relação entre risco e retorno.”