O banqueiro Roberto Setubal adiou os planos de aposentadoria. No próximo dia 19 de abril, o Conselho de Administração da Itaú Unibanco Holding deverá aprovar uma proposta elevando a idade-limite do CEO do banco de 60 para 62 anos. Setubal, hoje com 58 anos e que completará 60 em 2014, ficará por mais dois na presidência do banco e mais quatro anos no comando da holding financeira que, além do Itaú, controla o Itaú BBA, braço das operações de atacado, e as outras empresas financeiras do grupo. Felipe Silveira, da corretora paulista Coinvalores, e Felipe Rocha, da paranaense Omar Camargo, avaliam que a proposta de prorrogação da expulsória é positiva. “A presença de Setubal na presidência da holding por mais dois anos dá mais segurança ao investidor”, afirma Silveira. 

 

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Dia do fico: Setubal deve ficar à frente do Itaú Unibanco Holding

por mais dois anos além do limite 

 

Para ele, a decisão indica que as estratégias iniciadas em 2012 para enfrentar a queda do spread bancário e buscar mais eficiência devem ser mantidas por mais tempo. “O mercado fica menos preocupado, pois processos sucessórios sempre geram incertezas”, diz Rocha. Segundo Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, as ações são positivas para os papéis do banco na bolsa. “Setubal é muito bem avaliado no mercado e sua manutenção no cargo por um período maior tem um viés positivo para os papéis”, afirma Karina. Até a quinta-feira 21, no entanto, as ações preferenciais do banco caíram 0,73%, refletindo, principalmente, a reestruturação em curso na diretoria, como a saída do economista Marcos Lisboa da vice-presidência de controles internos, que também foram anunciadas pela instituição. 

 

“A reestruturação pela qual o banco passa pode justificar a extensão do mandato de Setubal, que terá mais tempo para avaliar as alterações”, diz Karina. Para Wagner Teixeira, sócio da Höft Bernhoeft & Teixeira, consultoria especializada em sucessão empresarial, é preciso olhar a decisão de duas maneiras. O lado positivo, segundo ele, é que Setubal é benquisto pelos conselheiros e tê-lo por mais quatro anos dá estabilidade ao banco. “Uma pessoa com 60 anos tem muito para produzir para o mercado”, afirma Teixeira. Por outro lado, pondera ele, na instituição existe a regra da aposentadoria aos 60 anos. “O mercado pode olhar o gesto como um apego ao cargo, ou entender que há problemas para encontrar o sucessor.” 

 

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