Uma pesquisa realizada pela Vagas, empresa de tecnologia para o setor de recrutamento e seleção, revelou que o mercado de trabalho ainda é bastante desigual para profissionais transgêneros em relação aos cisgêneros. O levantamento identificou diferenças consideráveis em termos de educação, ocupação e remuneração entre diferentes raças, abordando todos os gêneros.

A pesquisa foi realizada com base nos dados cadastrados no site Vagas.com, totalizando mais de 25 milhões de currículos. Deste total, 44.562 são transgêneros, sendo 24.266 de mulheres trans (54%) e 20.296 de homens trans (46%).

O estudo revela a posição hierárquica dos candidatos. De acordo com o levantamento, 69% dos transgêneros estão atuando nos níveis operacionais, em cargos de segmentos como auxiliar, operacional ou técnico. Em comparação, os cisgêneros ocupam 55% dessas posições. 

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No que tange à formação dessas pessoas, 68% dos transgêneros possuem apenas ensino médio ou fundamental. Já entre os cisgêneros, o número é de 45%. Quando analisada a formação superior, somente 12% das pessoas trans possuem este grau de escolaridade. Já 23% dos indivíduos que se autodeclaram como cisgenêro possuem formação superior. Tal diferença fica ainda mais latente para as formações de mestrado e/ou especializações, com 10% dos cisgêneros que possuem este nível de graduação, contra 3% dos transgêneros.

“Esses profissionais têm dificuldades de acesso a direitos básicos como educação e cidadania que são potencializados pelo preconceito e impactam toda a sua trajetória profissional”, explica Renan Batistela, Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão na Vagas.

Em relação à média salarial, também há diferenças significativas. Os transgêneros recebem, em média, 17% a menos que os cisgêneros, mas essa diferença pode chegar até 26%.

“Mesmo para profissionais que se enquadram nos mesmos critérios que profissionais cis, há uma diferença salarial relevante. Isso reforça que para além de ações inclusivas como vagas afirmativas para esse público, é indispensável também promover igualdade salarial”, afirma.

Para o executivo, a inclusão desses profissionais no mercado de trabalho tem um valor que não se resume apenas a uma simples contratação. Para engajar as empresas na causa, por meio do Colettivo, plataforma de equidade, diversidade e inclusão da Vagas, a empresa lançou um curso totalmente gratuito sobre contratar e incluir profissionais trans nas empresas.