14/04/2021 - 11:46
A invasão do Afeganistão liderada pelos Estados Unidos em outubro de 2001, quase um mês depois dos atentados terroristas de 11 de setembro, foi o início de uma aventura militar incerta, que está próxima do fim, quase 20 anos depois.
As tropas dos Estados Unidos invadiram o país depois da recusa dos talibãs de entregar o fundador da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
– “Guerra contra o terrorismo” –
O presidente George W. Bush lançou a operação “Liberdade Duradoura” em 7 de outubro de 2001, após os ataques de 11 de setembro que mataram quase 3.000 pessoas em território americano.
O então regime islamita talibã no poder em Cabul dava refúgio ao iemenita Osama bin Laden e à sua rede Al-Qaeda, responsáveis pelo ataques.
Washington exigia dos talibãs a entrega de Bin Laden, o que o movimento islamita negou.
Em poucas semanas, a coalizão internacional liderada por Bush derrota e retira do poder os talibãs, que haviam ocupado Cabul após vários anos de guerra civil, em 1996.
Além dos ataques aéreos, Washington apoiou a Aliança do Norte, uma série de tribos que lutavam contra os talibãs. No dia 1 de novembro, os Estados Unidos tinham 1.000 soldados em território afegão, que passaram a 10.000 no ano seguinte.
– Guerra esquecida –
A atenção americana muda do Afeganistão para a próxima aventura militar, a invasão do Iraque em 2003 para derrubar o ditador Saddam Hussein, acusado de ter armas de destruição em massa.
Os talibãs e outras facções islamistas se reagrupam no sul e leste do Afeganistão, de onde conseguem viajar para zonas tribais do Paquistão, e começam um movimento de insurgência.
O comando militar americano pede reforços em 2008. O presidente Bush aprova o envio de 48.500 soldados adicionais.
– Pico de 100.000 tropas –
Em 2009, Barack Obama – eleito presidente com a promessa de acabar com a guerras no Iraque e Afeganistão – aumenta a mobilização de tropas a 68.000. Em dezembro envia mais 30.000 soldados.
O objetivo é sufocar a insurgência talibã e fortalecer as instituições afegãs.
Em 2010 mais de 150.000 soldados estrangeiros estão em território afegão, incluindo 100.000 americanos.
– Morte de Bin Laden –
Bin Laden morre em 2 de maio de 2011 em uma operação das forças especiais americanas no Paquistão.
– Fim das operações da Otan –
A Otan anuncia em 31 de dezembro de 2014 o fim de sua missão de combate no Afeganistão.
Mas de acordo com pactos assinados meses antes, 12.500 soldados estrangeiros – 9.800 americanos – permanecem no Afeganistão para treinar as tropas afegãs e efetuar operações antiterroristas pontuais.
A segurança no Afeganistão volta a piorar com a nova expansão da insurgência talibã e o surgimento do grupo extremista Estado Islâmico (EI), no início de 2015.
Obama reduz o ritmo de retirada de tropas em julho de 2016 e anuncia que 8.400 soldados permanecerão no Afeganistão até 2017.
– Megabomba contra o EI –
Em abril de 2017 as tropas dos Estados Unidos lançam a maior boma convencional já utilizada em combate contra uma rede de túneis e covas do EI no leste do Afeganistão. Autoridades afegãs afirmam que o ataque matou 96 extremistas.
– Reforços americanos –
O novo presidente americano, Donald Trump, cancela em agosto de 2017 o calendário de retirada de tropas e volta a enviar milhares de soldados.
Em meados de novembro, quase 3.000 soldados chegam apara reforçar o contingente de 11.000 militares já presentes.
Os ataques contra as forças afegãs aumentam e as tropas americanas respondem com a intensificação dos ataques aéreos.
– Negociações –
Washington e os talibãs iniciam discretamente em meados de 2018 negociações em Doha. A delegação americana é liderada pelo enviado especial Zalmay Khalilzad, cuja missão é acabar com a presença militar no Afeganistão.
O governo americano exige que os talibãs impeçam o Afeganistão de virar uma base para grupos extremistas como a Al-Qaeda.
A violência talibã não para e, em setembro, Trump cancela as negociações, irritado com a morte de um soldado americano em um ataque em Cabul.
As negociações são retomadas em 7 de dezembro em Doha. Um novo ataque, perto da aérea de Bagram, nas proximidades de Cabul, volta a provocar a suspensão das conversações.
– Acordo histórico –
Os talibãs e o governo dos Estados Unidos assinam em 29 de fevereiro de 2020 um acordo histórico em Doha para a retirada das tropas americanas com um calendário de 14 meses e uma série de compromissos mútuos.
Em 12 de setembro começam as primeiras negociações de paz diretas entre os insurgentes e Cabul, mas a violência prossegue e os atentados aumentam contra jornalistas, juízes, médicos e integrantes da sociedade civil.
– Retirada das tropas –
Em 15 de janeiro de 2021 o Pentágono anuncia que o exército americano reduziu os efetivos a 2.500 soldados.
Em 13 de abril o novo presidente Joe Biden decide que as tropas americanas permanecerão no Afeganistão além de 1 de maio, data em que deveriam deixar o país segundo o acordo estabelecido por Trump. Mas Biden adverte que a retirada será completa e “sem condições” até 11 de setembro.