O recuo de 0,9% no volume de serviços prestados em fevereiro ante janeiro representou uma acomodação, após três meses consecutivos de expansão, período em que acumulou um ganho de 1,5%, avaliou Luiz Almeida, analista da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A gente pode dizer que sim, é uma acomodação”, resumiu Almeida.

Segundo ele, houve impacto negativo em fevereiro decorrente de uma normalização da receita em segmentos que tiveram arrecadação extraordinária e não recorrente em janeiro, como as atividades jurídicas, beneficiadas pelo pagamento de precatórios, e impressão de livros, impulsionada pela demanda sazonal de início de ano letivo.

“São receitas que não são constantes. Então sem essas receitas em fevereiro, essas atividades tendem a voltar para o patamar anterior”, disse Almeida. “Vemos muito forte essa acomodação neste mês justamente por janeiro ter sido influenciado por atividade jurídica e gestão integrada à produção de livros”, completou.

Além disso, a redução na safra agrícola neste ano tem mostrado impacto bastante significativo no transporte de insumos e produtos, acrescentou o pesquisador.

Em fevereiro, quatro das cinco atividades investigadas registraram perdas: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%), informação e comunicação (-1,5%); transportes (-0,9%); e outros serviços (-1,0%). Apenas os serviços prestados às famílias mostraram crescimento, alta de 0,4%.

No geral, a retração nos serviços em fevereiro foi puxada pelos serviços prestados às empresas, que são parte majoritária da Pesquisa Mensal de Serviços, disse Almeida. O ciclo de redução da taxa de juros traz, no geral, uma tendência positiva para as atividades econômicas, mas o impacto nos serviços “é mais de longo prazo”, explicou.

Já o segmento de serviços às famílias guarda relação com a situação macroeconômica, porém, variações de renda não influenciam diretamente seu desempenho. Almeida diz que os serviços às famílias têm peso importante dos hotéis e restaurantes, que seriam mais consumidos pelas faixas de renda mais elevadas. Portanto, uma variação na renda, seja para cima ou para baixo, impactaria mais o comércio do que esses serviços.

“Os serviços prestados às famílias são uma parte menor da pesquisa”, lembrou Almeida, citando que essa atividade responde por uma fatia de apenas 8,24% da Pesquisa Mensal de Serviços.