08/12/2004 - 8:00
A japonesa Sharp Corporation é uma das maiores fabricantes de produtos eletroeletrônicos do planeta. Fatura US$ 22 bilhões e deu um banho nas compatriotas no quesito lucratividade, com ganho de US$ 906 milhões em 2003. No Brasil, ela fez bastante sucesso na década de 80, sob a batuta de Matias Machline. Após a morte do empresário, em 1994, ela ficou à deriva. E continua até hoje. Ninguém sabe ao certo quem é a ?dona? da Sharp. Na semana passada, a Plena Comercial Atacadista, dirigida por Jaime Perez, apresentou-se como a titular de parte do espólio. ?Somos os responsáveis pela importação e venda dos produtos da linha Information System?, garantiu ele. Sob esse guarda-chuva estão aparelhos multifuncionais (que misturam fax, impressora e scanner), computadores pessoais, telefones celulares e máquinas registradoras. A Plena, que já montou até mesmo um showroom na avenida Paulista, é controlada pela holding Ranger Assistência de Serviços, cujos donos são mantidos em sigilo. Por sua vez, a divisão de produtos de consumo (televisores, aparelhos de som, etc.) está sob a responsabilidade da também paulista Opeco Operações Comerciais. As duas dizem atuar com mandato da Sharp Latin America, com sede em Miami. Tudo certo, não fosse por um detalhe: há quase dois anos quem vende televisores da marca por aqui é a Plasma Power Technology, comandada por Nelson Yamakami. ?Meu contrato é com a matriz da Sharp, no Japão?, completa.
Além da ?crise de titularidade?, o imbróglio envolvendo a Sharp inclui problemas de natureza policial. Até a semana passada, havia mais um personagem na história: Rubens Barcellos, que se apresentava como o principal executivo da Plena. Em abril, ele foi detido pela polícia paulista, acusado de contrabando de fotocopiadoras e outros itens da marca, durante operação da CPI da Pirataria. Na época, ele representava a SB Comercial, aberta em nome do funileiro Nilson Henrique. Barcellos conseguiu provar a lisura da SB Comercial. Mesmo assim, Jaime Perez, o atual dirigente da Plena, faz questão de minimizar a atuação dele. ?Barcellos é apenas um consultor informal?, diz. Apesar de representar grupos que trabalhavam há tempos com a distribuição dos aparelhos, Perez não é capaz de dizer a estimativa de venda ou qual fatia de mercado quer abocanhar. ?Ainda não completamos o plano de negócio?, justifica. Procuradas pela DINHEIRO, tanto a Sharp do Japão como a filial de Miami não deram retorno.