21/03/2019 - 15:45
A prisão do ex-presidente Michel Temer pela Operação Lava Jato do Rio de Janeiro trouxe de volta às manchetes o nome de João Batista Lima Filho, o coronel Lima, amigo de Temer que é apontado como o principal intermediário do ex-presidente para recebimento de propinas e que também foi alvo de mandado de prisão.
Temer e Coronel Lima são amigos há mais de 30 anos e se conheceram quando o ex-presidente foi secretário de Segurança Pública em São Paulo, nos anos 1980, durante o governo de André Franco Montoro.
Lima, um coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, é visto pela Polícia Militar como o responsável pela criação de uma “engenharia” para o recebimento de propinas supostamente em nome de Temer. Citado por delatores em diferentes investigações, ele tem uma relação pessoal com Temer. As suspeitas sobre as operações entre o policial militar da reserva e o ex-presidente envolvem familiares dos dois.
A ação que resultou na prisão de Temer é decorrente da Operação Radioatividade, que apurou crimes de formação de cartel e prévio ajustamento de licitações, além do pagamento de propina a empregados da Eletronuclear. Após decisão do Supremo Tribunal Federal, o caso foi desmembrado e remetido à Justiça Federal do Rio de Janeiro.
O inquérito que mira Temer e seus aliados tem como base as delações do empresário José Antunes Sobrinho, ligado à Engevix. Sobrinho foi um dos primeiros a citar o coronel Lima em depoimento a investigadores. Ele disse ter pago ao coronel pelo menos R$ 1 milhão que iriam para campanhas de Temer.
Também há suspeitas sobre Lima relacionadas à JBS. Ricardo Saud, diretor da empresa, disse em delação que Temer pediu que R$ 1 milhão em espécie fosse entregue na empresa do coronel em 2014. Saud afirmou também que o dinheiro fazia parte de um acordo para pagar um total de R$ 15 milhões ao MDB, mas que Temer “roubou dele mesmo” ao pegar o dinheiro por fora.
Além disso, há a suspeita de que Lima também atuava resolvendo pendências financeiras de Temer. Um desses casos é o da reforma da casa de uma das filhas do ex-presidente, Maristela de Toledo Temer Lulia, que chegou a admitir que o coronel “deu uma ajuda” por “camaradagem” em uma reforma em sua casa. A relação com o coronel foi descrita como “quase familiar”.