03/06/2025 - 20:35
Um dos investigados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por integrar um esquema de lavagem de dinheiro para a facção criminosa Comando Vermelho é egípcio e já foi procurado pelo FBI, a polícia federal norte-americana, por suposto envolvimento com a organização terrorista Al-Qaeda, fundada por Osama Bin Laden e responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim mora no Brasil desde 2018, quando entrou regularmente no País. Em 12 de agosto de 2019, ele foi incluído em uma lista divulgada pelo FBI de supostos envolvidos com terrorismo.
A reportagem tenta contato com os advogados de Ibraim para que se manifestem sobre as acusações que pesam contra ele.
No dia 15 de agosto de 2019, Ibrahim foi à Delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos e prestou depoimento negando qualquer ligação com grupo terrorista. “Desafio o FBI a provar que sou um terrorista. Não vão encontrar nada, porque não sou. Já estava no Brasil há mais de dois anos levando uma vida como qualquer cidadão, casado e trabalhando. O meu caso é de perseguição política”, afirmou o egípcio à imprensa naquele dia, falando em árabe e com o auxílio de um tradutor. “Tenho muito medo de ser deportado ou extraditado (do Brasil), porque no meu país muitos dissidentes do governo foram torturados e mortos.”
Na ocasião, o advogado Musslim Ronaldo Vaz, que acompanhava Ibrahim, afirmou que seu cliente é empresário do ramo de móveis, mora em São Paulo desde o início de 2018 e é casado com uma brasileira. “Mohamed era do partido de oposição ao grupo que tomou o poder no Egito, durante a Primavera Árabe. Veio para o Brasil fugindo da perseguição aos opositores do atual governo. Jamais passou pelos Estados Unidos e nunca teve qualquer envolvimento com atividades terroristas. Ele só participou das questões políticas de oposição contra o atual governo do Egito”, disse o advogado.
Depois de se apresentar à Polícia Federal em São Paulo, o egípcio foi retirado da lista de procurados pelo FBI.
Agora seu nome reaparece, citado pelo delegado Moysés Santana Gomes, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) do Rio, que classificou Ibrahim como uma pessoa “com relevante histórico no sistema financeiro informal vinculado ao Comando Vermelho”.
O esquema de lavagem de dinheiro pelo Comando Vermelho, que foi alvo de operação realizada nesta terça-feira pela polícia do Rio, envolvia pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades.