O indígena Aurá, considerado o último sobrevivente de um dos povos originários do Maranhão, morreu no último sábado, 20, aos 77 anos, em Zé Doca (a cerca de 230 quilômetros de São Luís), em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratória.

A morte foi divulgada na tarde desta quinta-feira, 25, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Segundo a entidade, o falecimento de Aurá marca o fim “de uma trajetória de isolamento e resistência de um povo possivelmente extinto”.

Aurá foi avistado pela primeira vez em 1987 e costumava rejeitar o contato com outros povos indígenas. Ele e o irmão, Auré, mantiveram-se fiéis à própria língua e costumes, apesar dos esforços da Funai em promover a reintegração social da dupla com outras comunidades.

De acordo com a fundação, Aurá e Auré “pertenciam a um grupo indígena que falava uma língua possivelmente da família Tupi-Guarani”.

Desde a morte de Auré, em 2014, Aurá era considerado o último sobrevivente de seu povo. Ele vivia sozinho na aldeia Cocal, na Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, onde recebia assistência médica, sanitária e social.

O coordenador-geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai, Marco Aurélio Milken Tosta, afirmou que a morte de Aurá evidencia a necessidade de políticas de proteção territorial e cultural dos povos originários. Para ele, a sociedade precisa “reconhecer a importância dos indígenas como protagonistas do futuro de uma nação plural”.

Em nota, a Funai lamentou “com pesar o falecimento de Aurá” e reforçou o compromisso de seguir com o trabalho de proteção e valorização dos povos indígenas, “especialmente aqueles em situação de isolamento voluntário ou de recente contato”.