26/03/2010 - 6:00
Papéis avulsos
O fundo perde dinheiro e a pensão fica magrinha, magrinha. Foi o que aconteceu recentemente com o Centrus, nono maior do País, com R$ 8,6 bilhões de patrimônio dos funcionários do Banco Central. Entre 1997 e 2001, mais de 200 operações com ações e derivativos lesaram o Centrus em pelo menos R$ 57 milhões, segundo as investigações da Secretaria de Previdência Complementar e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Somente agora saem as primeiras punições contra os envolvidos no escândalo. No último dia 9, a CVM fez acordos com Banco Pactual (atual BTG Pactual), Merrill Lynch, Opportunity e Fator, recebendo dinheiro em troca do arquivamento dos processos. Chamados de termos de compromisso, esses acertos não implicam admissão de culpa e não impedem o andamento de eventuais processos criminais. Do Pactual, Gilberto Sayão, Marcelo Serfaty e Patrick James O?Grady pagaram R$ 250 mil à CVM. Os três já deixaram o banco. Enquanto outras corretoras tinham lucro em cima do esquema com a Centrus, o mítico Pactual, que operava diretamente com elas, tinha prejuízo.
Marcelo Serfaty, ex-sócio do Banco Pactual
Destaque no pregão
Tem Oi na linha da BrTelecom
A Oi anunciou as novas relações de troca para as ações da Brasil Telecom (BrT). Cada ação ON da operadora (BRTO3) valerá 0,3955 da ON da Telemar Participações (TMAR3) e não 0,4137, como anunciado em abril de 2008. Para as preferenciais (BRTO4), quem ganharia 0,2531 por ação PN classe C da Oi (TMAR7) agora terá 0,2191. A redução ocorreu depois que a companhia presidida por Luiz Eduardo Falco revisou o valor das contingências judiciais de R$ 1,45 bilhão para R$ 2,5 bilhões. Na quinta 25, as ações ON da BrT desabaram 17,6%.
Palavra de analista
Os acionistas minoritários da Brasil Telecom poderão rejeitar a proposta de troca, na opinião da analista Luciana Leocádio, da Ativa Corretora. ?As relações de troca foram reduzidas com base na avaliação da Oi de provisões para perdas em processos judiciais ainda não concluídos, e que não necessariamente resultarão em perda?, diz em relatório. Ela não recomenda a exposição aos papéis
das companhias.
CSU CardSystem
Os números da recuperação
A ação da CSU CardSystem subiu 268% em 2009. O balanço da empresa, divulgado na quarta-feira 24, indica os motivos da alta. O ebitda (que sugere a geração de caixa) cresceu 22,5%, para R$ 78,9 milhões. O endividamento foi reduzido em R$ 40 milhões, para R$ 55 milhões. E o lucro líquido evoluiu 166%, para R$ 17,9 milhões. A base de cartões aumentou 22%, para 24,3 milhões. ?Crescemos o dobro da média do mercado em 2009?, diz Decio Burd, diretor de relações com investidores. ?Em 2010, vamos continuar crescendo mais que o mercado?, prevê. Neste ano, a ação CARD3 estava em queda de 0,59% até a quarta-feira.
Educação financeira
Quem gosta de cassino deve ir para Las Vegas e não para a Bovespa. Esta é a dica do economista Walter Furtado no livro Guia para Investir em Ações, da editora Elsevier. Furtado desmistifica os conceitos de aposta que grudaram no mercado e detalha os principais passos para aplicar com segurança.
Quem vem lá
Cruzeiro do Sul quer mais R$ 400 milhões
O Banco Cruzeiro do Sul, presidido por Luis Octavio Indio da Costa, retomou a oferta primária e secundária de ações na BM&FBovespa que havia sido suspensa no dia 27 de janeiro. A intenção é levantar R$ 400 milhões e utilizar os recursos para ampliar a carteira de crédito da instituição, segundo comunicado do banco enviado ao mercado na terça-feira 23. Os interessados em participar podem fazer as reservas entre 21 e 28 de abril. O preço por ação será definido no dia 28 e os novos papéis serão negociados a partir do dia 30.
Fique de olho: O preço por ação da emissão da Gafisa ficou em
R$ 12,50. Com os novos 85 milhões de papéis, a construtora poderá embolsar R$ 1,06 bilhão.
Touro x Urso
A trajetória do Ibovespa segue errática e necessita de ânimo para recuperar os 70 mil pontos. Parte disso depende da definição da capitalização da Petrobras, uma das ações de maior peso no índice. O tamanho do aperto monetário a ser determinado pelo Banco Central em abril também norteia as decisões de investimentos dos agentes do mercado. No cenário externo, o possível aumento da taxa de juros nos Estados Unidos em um ambiente de desemprego preocupa os especialistas. Parte dessas dúvidas serão sanadas nesta semana. O governo americano anuncia a situação do mercado de trabalho relativa a março, na sexta-feira (2 de abril). Antes, serão conhecidos os dados da confiança do consumidor (30 de março) e as vendas de automóveis e caminhões (1o de abril).
As 10 mais do Ibovespa
Vedetes da semana
Micos da semana
Desempenho das empresas por setor de atividade econômica
Bolsa no mundo
Termômetro do mercado
Personagem
André Dorf, diretor de RI da Suzano Papel e Celulose
Demanda forte beneficia Suzano
Durante a crise financeira mundial, o preço da celulose fornecida pela Suzano Papel e Celulose chegou a cair 23%. Mas o cenário ruim já ficou para trás. Com a retomada da demanda, a companhia já anunciou quatro reajustes da matéria-prima somente em 2010. E não descarta a possibilidade de novos aumentos ao longo do ano. A implantação de duas novas fábricas no Maranhão e no Piauí até 2014 deverá dobrar a capacidade de produção da empresa. Na Bovespa, as ações respondem positivamente (veja quadro). O diretor de relações com investidores da Suzano, André Dorf, falou com a DINHEIRO.
DINHEIRO ? Quais são as expectativas para o setor de celulose nos próximos anos?
ANDRÉ DORF ? A gente vai ter uma limitação de oferta de celulose nos próximos três anos, pelo menos. E a demanda continua crescendo. Vários fatores, como investimento por educação nos países emergentes, maior uso de papel sanitário e maior consumo de embalagens tendem a impulsionar esta demanda. Até 2015, há cerca de seis projetos no radar em todo o mundo para o aumento da oferta, sendo que dois são nossos. Está prevista a implantação de uma fábrica no Maranhão, em 2013, e uma no Piauí, em 2014. Elas irão dobrar o tamanho da Suzano.
DINHEIRO ? São esperados novos ajustes do preço da celulose?
DORF ? Os estoques mundiais são a medida para saber se o mercado está aquecido ou não. A média para o mês de fevereiro é de 35 dias de produção. No mês passado, fechou em 28 dias. O mercado está bem apertado. Este é um dos motivos para a alta significativa da celulose. Com a crise, o preço de celulose caiu 23%. Agora, já atingiu o patamar anterior à crise [para US$ 800 a US$ 870 a tonelada]. O próximo aumento já está anunciado para 1º de abril. Vamos avaliar a necessidade de um novo ajuste.
DINHEIRO ? As ações subiram 21% em 30 dias. A tendência é de novas altas em 2010?
DORF ? A comunidade de investidores está acordada para o fato de que celulose é uma vocação do Brasil. Temos custos muito competitivos. É difícil encontrar uma indústria intensiva em capital que seja capaz de dobrar de tamanho mantendo ou até aumentando o retorno dos acionistas.
DINHEIRO ? Os papéis da Suzano podem entrar para o Ibovespa?
DORF ? Os volumes de negócios e de dinheiro negociados por dia têm aumentado muito e estes são alguns dos determinantes para o ingresso no Ibovespa. A gente trabalha para aumentar a base de investidores. Se entrarmos no Ibovespa, vai ser consequência disso. Neste semestre, com certeza não. No ano, é difícil dizer agora, uma vez que outras empresas estão se mexendo.
Pelo mundo
Volks quer US$ 6 bilhões
O anúncio da emissão de 65 milhões de novas ações da Volkswagen derrubou o preço dos papéis da empresa em 4% na Bolsa de Frankfurt, na terça-feira 23. A operação pode chegar a US$ 6 bilhões. Segundo o presidente Martin Winterkorn, o montante deverá ajudar a financiar a integração com a Porsche.
Banco chinês lucra US$ 19 bi
O Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês), o maior do país em valor de mercado, registrou lucro líquido de US$ 18,95 bilhões em 2009, valor 13% superior ao de 2008. A instituição, que anunciou o resultado na quinta-feira 25, possui 190 milhões de clientes.
Lucro da Best Buy sobe 36%
O lucro líquido da rede varejista Best Buy subiu 36%, no quarto trimestre fiscal de 2010, encerrado em 27 de fevereiro, para US$ 779 milhões. A empresa presidida por Brian Dunn afirmou que prevê lucro entre US$ 3,45 e US$ 3,60 por ação para 2011. A receita deverá ser de até US$ 53 bilhões. Na quinta 25, suas ações subiram 3,6%.