A compra da empresa de mídia Time Warner pela operadora de telecomunicações americana AT&T, um negócio de US$ 85,4 bilhões, pode ter implicações no mercado brasileiro, caso seja aprovado.

A Time Warner é dona da CNN, HBO, TNT e Cartoon Network, entre outros canais de tevê paga. A AT&T, por sua, vez comprou a DirecTV, em 2014, que controla a empresa de tevê por assinatura Sky no Brasil.

A legislação brasileira diz que empresas de tevês pagas não podem deter participação superior a 50% em companhias que produzem conteúdo.

Com isso, a empresa resultante da união de AT&T e Time Warner teria de abrir mãos de alguns ativos. E a venda da Sky seria uma das melhores opções à mesa.

Explica-se. A AT&T nunca deixou claro seus planos para o Brasil. Quando comprou a DirecTV, especulou-se que ela poderia se desfazer dos ativos na América Latina.

Naquele momento, a Telefônica mostrou interesse na operação de tevê por assinatura. Mas as conversas não prosperam. Agora, o ativo parece estar de volta à mesa. Mas o cenário mudou.

A tevê por assinatura vem perdendo clientes no Brasil. No primeiro trimestre de 2015, atingiu seu pico, quando somou 19,7 milhões de assinantes. Em agosto deste ano, tinha 18,9 milhões, o que significa 800 mil a menos.

Essa queda não pode ser atribuída exclusivamente à crise econômica. A concorrência com o serviço de streaming de vídeos americanos Netflix tem uma boa parcela de culpa para essa queda no número de assinantes da tevê por assinatura.

Sob a batuta de Amos Genish, que está deixando a Telefônica Vivo no fim do ano, a operadora espanhola aprofundou sua estratégia de digitalização, apostando em aplicativos e parcerias com produtos de conteúdo.

A mais recente foi com a Vivendi, anunciada na semana passada na Futurecom, evento de telecomunicações, em São Paulo.

Na ocasião, foi lançado o aplicativo Studio +, que traz séries desenvolvidas exclusivamente para celular. Genish, em um encontro com jornalistas, chamou o Studio + de o “Netflix dos smartphones”.

Ao mesmo tempo, a Telefônica patina em tevê por assinatura no mercado brasileiro. Conta com apenas 1,7 milhão de clientes e uma fatia de 9,3% do mercado. Está bem atrás da mexicana América Móvil, que é dona da NET, e detém 52,7% do setor, e da própria Sky, com 28,2%.

Se comprar a Sky, a Telefônica triplicará sua fatia de mercado em tevê por assinatura. Mas caso se interesse em sentar à mesa para negociar, o preço que estará disposta a pagar será bem menor do que em 2014.