03/07/2002 - 7:00
A notícia deixou a concorrência com a boca salivando. A Adams, divisão de confeitos da Pfizer, pode ser colocada à venda ainda este mês. O que deixa o mercado em polvorosa não é apenas a maior empresa de balas, drops e chicletes do mundo, presente em 45 países e com faturamento anual de US$ 2 bilhões. É a possibilidade de, em uma única mordida, assumir a liderança no setor. Pense numa marca de guloseima: Halls. É Adams. Bubbaloo, também. PingPong, idem. Trident e Dentyne, da Adams,
é claro. A venda deste negócio, considerado marginal para a farmacêutica Pfizer, tem data marcada. Por contrato, a gigante
não podia se desfazer, por dois anos, de nenhum ativo que
adquiriu com a compra da Warner-Lambert (dona da Adams, entre outras empresas) por US$ 115 bilhões. O prazo expirou em 20 de junho e, segundo analistas de mercado, a venda será anunciada
em breve. Rivais como Nestlé, Wrigley, Hershey?s Food, Kraft e Cadbury já demonstraram interesse em pagar até US$ 5 bilhões
pelas marcas da Adams. A inglesa Cadbury saiu à frente. Segundo
o presidente-financeiro, John Brock, a empresa tem US$ 1 bilhão
em caixa e o aval de um grande banco de investimentos inglês.
Com a aquisição, a Cadbury se tornaria a segunda maior empresa
de confeitos do mundo, entrando finalmente nos mercados das Américas do Norte e Sul.
O Brasil, principal operação da Adams na América do Sul, não dá muita bola aos comentários. ?Nada foi formalizado e nós seguimos trabalhando normalmente?, garante Marcel Sacco, diretor de marketing para a América Latina. Por aqui, a companhia vai muito bem. ?Fecharemos este semestre acima do ano passado e acima
até das expectativas?, comemora o executivo, sem adiantar números. O que vem levantando a empresa no País? De um lado,
a reestruturação pela qual a Adams passou. Contrariando o movimento do setor, a gigante de confeitos recontratou 700 funcionários para ter uma equipe de vendas própria. O serviço
havia sido terceirizado há três anos e, em março, voltou às mãos
da companhia. ?A Adams é líder absoluta, mas mexemos na estrutura para ganhar ainda mais mercado.?
Outra arma da empresa de confeitos foi tropicalizar seus lançamentos. Apenas neste primeiro semestre, foram seis novidades nas gôndolas de supermercados ? coisas como Buballoo Damasco, Trident Morango e Ping-Pong Banana. Todos desenvolvidos no Brasil e após pesquisas de opinião com consumidores locais. E não é tudo: até o final do ano serão quatro outros lançamentos. Mas nada irá se comparar a 2003. No próximo ano, uma das mais consagradas marcas da companhia, a Trident, passa por uma evolução. Ao que tudo indica, a goma de mascar que é vendida com a promessa de ajudar no tratamento dos dentes ganha nova arma: branqueadora de dentes. Estão nos planos também entrar em outras categorias no País ? entre elas, pirulitos e mentas. ?Vamos trazer estas novidades cedo ou tarde. Falta adequar preços.?
A movimentação poderia parecer estranha, neste momento em que se discute o futuro da Adams. Mas qualquer que seja o destino da companhia, o Brasil está fazendo sua parte. Cerca de 20% da produção das fábricas é exportada para Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. E o Brasil é o segundo maior exportador de doces
e o segundo maior consumidor de chicletes do planeta. Neste cenário, a Adams é presa mais que saborosa para qualquer companhia do setor.