02/11/2011 - 21:00
Papéis avulsos
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspendeu a fusão entre a Diagnósticos da América (Dasa) e a MD1 Diagnósticos, do grupo Amil, presidida por Edson de Godoy Bueno. Pela decisão, que foi tomada em acordo com representantes das empresas, elas terão de manter separadas suas marcas, laboratórios e operações. O acordo foi assinado para preservar a estrutura de cada um nas mesmas condições que existiam antes das aquisições.
Com isso, o Cade vai poder determinar a venda de ativos se achar que essa medida é necessária para preservar a competição. O mercado recebeu a notícia com pessimismo pela demora que as decisões do órgão antitruste costuma acontecer. “Vai levar mais tempo para amortizar o ágio pago pela Dasa à MD1 e a operação vai sair mais cara do que os acionistas imaginavam”, diz Guilherme Assis, analista de saúde da Raymond James. “Temo que isso cause ruído no setor.” Na quinta-feira 27, as ações da Dasa caíram 3%. A operação de incorporação, anunciada em agosto do ano passado, previa relação de troca de ações com base no valor da MD1, estimado inicialmente em 26,36% do capital da Dasa.
Destaque no pregão
Bradesco mais cauteloso
O Bradesco registrou lucro líquido no terceiro trimestre de R$ 2,81 bilhões, valor 11,4% superior ao do mesmo período de 2010.
O resultado é reflexo de maiores ganhos com crédito. Apesar de positiva, foi a menor expansão em seis trimestres, causada pelo aumento das despesas com pessoal e das provisões para devedores duvidosos (PDD). O colchão para inadimplência do banco, presidido por Luiz Carlos Trabuco Cappi, chegou a R$ 2,78 bilhões no fim de setembro, um avanço de 35% sobre um ano antes.
Palavra de analista: A lucratividade foi afetada pelas despesas operacionais, que “certamente poderiam estar melhores”, pontuou relatório do Barclays. Apesar do aumento das despesas, Boris Molina, do Santander, vê “melhora nos custos nos próximos 14 meses”.
Educação financeira
Nossos desejos é que nos levam a agir e tomar decisões. Com base nessa premissa, os autores Jurandir Sell Macedo Jr., Régine Kolinsky e José Carlos Junça de Morais elaboraram o livro Finanças Comportamentais: Como o Desejo, o Poder, o Dinheiro e as Pessoas Influenciam nossas Decisões. Recomendado para profissionais do mercado financeiro e executivos, oferece ferramentas para melhorar o processo decisório. Editora Atlas, R$ 75.
Touro x Urso
O anúncio do acordo entre líderes europeus para recapitalizar os bancos e fortalecer o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira provocou euforia nos mercados na quinta-feira 27, quando o índice Bovespa fechou em alta de 3,72%. A bolsa brasileira acompanhou a animação dos mercados internacionais. Nesta semana, as atenções devem continuar voltadas para a negociação das soluções para a crise europeia, na reunião do G-20 (grupo dos maiores países desenvolvidos e emergentes) que começa na quarta-feira 3 em Cannes, na França.
Mineração
Câmbio prejudica lucro da Vale
A Vale sentiu o impacto da alta do dólar frente ao real e registrou lucro líquido de R$ 7,89 bilhões no terceiro trimestre do ano, queda de 25% em relação ao mesmo período de 2010. Apesar do recuo no trimestre, o lucro anual em nove meses ficou em R$ 29,46 milhões. O Ebitda de julho a setembro soma R$ 16,1 bilhões.
Quem vem lá
Pague Menos quer abrir capital, mas espera melhor momento
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concedeu registro inicial de companhia aberta à rede de farmácias cearense Pague Menos. A solicitação não inclui o pedido de lançamento de ações, que só deve ser feito quando o mercado melhorar. “Vamos abrir 25% do capital no momento oportuno. Talvez só no final de 2012”, diz o presidente da empresa, Deusmar Queirós. Para coordenar a abertura de capital, a Pague Menos contratou Itaú BBA, Credit Suisse, Banco do Brasil e Barclays.
Fique de Olho: A rede Pague Menos faturou R$ 2,3 bilhões em 2010 e prevê alcançar R$ 2,9 bilhões no fim deste ano, com 400 lojas em todo o País. O crescimento médio anual de 26% foi orgânico, isto é, sem nenhuma aquisição. De acordo com a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as maiores redes em faturamento em 2010 foram Drogaria São Paulo (após incorporação da Drogão), Pague Menos, Drogasil e Pacheco.
Mercado em números
Santander
R$ 5,3 bilhões – Foi o lucro líquido registrado pelo Banco Santander no ano até o terceiro trimestre, 12,8% menos que nos nove primeiros meses de 2010. De julho a setembro, o lucro foi de R$ 1,8 bilhão, queda de 6,8% na comparação anual.
Weg
R$ 1,3 bilhão - Foi o valor das vendas da Weg entre julho e setembro, um crescimento de 10,8% ante o mesmo trimestre de 2010. A empresa de máquinas e equipamentos, motores e tintas teve lucro líquido de R$ 154 milhões no período, 9% maior que no ano passado.
Klabin
R$ 6 bilhões - Deverão ser gastos pela Klabin na montagem de uma nova fábrica de celulose no Paraná. Com a unidade, a capacidade produtiva da empresa ficaria em 1,5 milhão de toneladas por ano.
Estácio de Sá
US$ 70 milhões - Foi o valor do empréstimo liberado pelo International Finance Corporation (IFC), o braço do Banco Mundial para investimento em empresas privadas, a Estácio Participações, dona da Universidade Estácio de Sá. Os recursos serão utilizados para a expansão de novas unidades e para o financiamento de aquisições de empresas.
Multiplan
R$ 260 milhões – É o custo do novo shopping da Multiplan, em São Caetano do Sul, na grande São Paulo. O empreendimento tem 309 mil metros de área locável.
Pelo mundo
Queixa antitruste na telefonia
A Telefônica e a Portugal Telecom receberam uma queixa antitruste da União Europeia por um acordo que mantinham para não competirem entre si em seus países de origem. A cláusula de não competição funcionou entre setembro de 2010 e fevereiro deste ano. A Comissão Europeia poderá multar as empresas em 10% de suas receitas anuais.
Voo alto no lucro da Delta
A Delta Airlines divulgou lucro líquido de US$ 549 milhões no terceiro trimestre deste ano, um aumento de 51% sobre igual período de 2010. De janeiro a setembro, o lucro líquido da companhia aérea acumula US$ 429 milhões, recuo de 25% ante os nove primeiros meses do ano passado.
Gastos com cartão alegram Visa
O aumento dos gastos com cartão de crédito fez a Visa lucrar de US$ 880 milhões no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. A Visa aumentou dividendos e recomprou ações mesmo depois de o governo americano cortar as taxas que as operadoras de cartões podem cobrar de seus clientes, o que ameaçava o resultado da empresa.
Personagem
Lucro cresce se vento ficar a favor
A Indústrias Romi viu seu lucro líquido recuar 65,7% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2010, passando de R$ 25,30 milhões para R$ 8,66 milhões. O Ebitda (geração operacional de caixa) ficou em R$ 10,08 milhões no mesmo período, queda de 67% ante o terceiro trimestre do ano passado. Mesmo assim, Luiz Cassiano Rosolen, diretor de relações com investidores da fabricante de máquinas e equipamentos está confiante nas perspectivas para o próximo ano. Para ele, a produção de peças com ferro fundido para parques eólicos garantirão o desempenho da empresa de Santa Bárbara D’Oeste (SP). Rosolen conversou com a DINHEIRO:
Luiz Cassiano Rosolen, da Romi: crise paralisou as compras dos clientes
A que o sr. atribui um resultado operacional tão menor que no ano passado?
Somos uma empresa de bens de capital e, portanto, precisamos dos investimentos das outras indústrias para sobreviver. A economia global passa por um período de forte turbulência, especialmente devido à situação da Europa. Como consequência, as empresas brasileiras paralisaram seus investimentos e isso se reflete no nosso negócio.
A redução na taxa básica de juros não incentiva o investimento das indústrias? Quando isso se reflete nos pedidos?
Não só a redução dos juros pode acelerar a encomenda de novas máquinas, mas também o dólar em patamar mais elevado (ante ao real) faria com que as empresas optassem por adquirir equipamentos nossos em detrimento de nossos concorrentes internacionais. Porém, é preciso que o câmbio se mantenha estável para recuperarmos as margens (a margem Ebitda da Romi ficou em 6% no terceiro trimestre, em comparação a 14,9% do mesmo período de 2010).
A empresa também exporta máquinas e equipamentos. Como estão os pedidos de outros países nesse período de crise?
Sempre vendemos entre 15% e 18% da nossa produção para o mercado externo, mas esses valores caíram profundamente em 2009 em consequência da crise do ano anterior. Desde então, estamos nos recuperando. Neste ano, até setembro, crescemos 44% em vendas para outros países, principalmente com produtos que reduzem a necessidade de mão de obra.
Quais são as perspectivas para o próximo trimestre e para 2012?
Acredito no crescimento do País, no médio e longo prazos. Em nosso caso, graças aos leilões para a criação de fazendas eólicas, nos últimos dois anos, temos vendas garantidas até 2013 pelo menos.