21/10/2013 - 6:00
Os investidores que viram na abertura do mercado de exploração de petróleo no Brasil a oportunidade de fazer fortuna vivem uma espécie de ressaca. A situação é especialmente delicada para duas empresas: a OGX, do ex-bilionário Eike Batista, e a HRT, fundada por grupo de engenheiros e geólogos egressos da Petrobras e liderados por Márcio Mello. Sem terem conseguido cumprir as promessas feitas ao mercado financeiro, as duas empresas vêm sendo duramente penalizadas pelos investidores. Enquanto a OGX estuda a possibilidade de recorrer à recuperação judicial, o ambiente na HRT também não é dos melhores. ?Petróleo é uma atividade que tem de ser tocada por gente grande, e não por aventureiros,? diz o analista Pedro Galdi, especialista em energia da corretora SLW, de São Paulo.
Márcio Mello e os sócios da HRT não cumpriram as promessas feitas ao mercado
Segundo ele, o ocaso vivido pela OGX e a HRT não deve afetar a confiança dos investidores no setor petrolífero brasileiro. Isso porque, as opções de investimentos, especialmente relacionados ao Pré-Sal, cujo pontapé acontece hoje com o leilão do Campo de Libra, no Rio de Janeiro. Para Galdi, a erosão do valor dos papéis da OGX, que depois de chegar à cotação máxima de R$ 23,27 em outubro de 2010, vem sendo negociada abaixo de R$ 0,50. ?Trata-se de um papel para quem gosta de emoções fortes?, diz Galdi. Ele estima que a HRT deverá enfrentar processo semelhante. Com seu balanço tingido de vermelho, as perdas no semestre atingiram R$ 645,2 milhões, a companhia viu seu valor de mercado recuar de R$ 1,4 bilhão, no final de 2012, para R$ 259 milhões, na última semana. Para piorar, na quarta-feira 9, o fundo americano Southeastern Asset Management, o maior acionista da HRT, vendeu sua fatia de 11,45% na petrolífera.
Eike Batista ainda não conseguiu explorar nenhuma gota de petróleo
Na verdade, tanto Mello quanto Batista jamais chegaram a se tornar verdadeiros sheiks do petróleo. Sem recursos para levar adiante uma campanha exploratória que se mostrou menos exitosa que a propaganda feita por Eike, a OGX corre o risco de entrar em recuperação judicial devido à falta de recursos para honrar a dívida de R$ 10,8 bilhões. Seu melhor ativo é o direito de exploração do campo de Tubarão Martelo, avaliado em US$ 1,6 bilhão. Por sua vez, a HRT ainda não conseguiu bombear uma gota sequer de petróleo. Nem no Brasil muito menos em sua subsidiária que atua na costa da Namíbia. Aqui, a empresa concentrou as operações com a prospecção de campos de gás na Bacia do Rio Solimões, na Amazônia. Para isso, contou com a ajuda da anglo-russa TNK-BP, de quem Mello conseguiu arrancar cerca de US$ 1 bilhão. Em maio deste ano, Mello acabou sendo afastado da direção da empresa, depois de ter sua liderança contestada pelos sócios.
O discurso de Batista também seduziu muita gente. Cada estudo de viabilidade feito por consultorias contratadas por seu time era divulgado de modo festivo. No auge da festa, em 2009, o empresário dizia que aqueles que duvidavam dos projetos da OGX, teriam de beber petróleo. ?A Comissão de Valores Mobiliários (encarregada de fiscalizar o mercado) deveria acionar sua metralhadora giratória e cobrar responsabilidade de todos?, afirma Galdi, da SLW. ?Desde os diretores das empresas, as consultorias que fizeram previsões positivas, passando pela direção da Bovespa que manteve a OGX como uma das estrelas de seu pregão.?
Leia mais matérias da “Série Especial Leilão”:
– Saiba como funciona o modelo de partilha, adotado no Campo de Libra
– Os números do Campo de Libra
– Saiba quais são as empresas que estão na disputa pelo Campo de Libra
> Curta a DINHEIRO no Facebook