11/12/2015 - 9:00
Com a discussão sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a possibilidade do seu vice, Michel Temer, assumir o poder, a discussão sobre o segundo maior cargo da República volta à baila.
Afinal, a figura do vice-presidente é realmente decorativa? O Brasil já teve 40 presidentes desde a Proclamação da República, em 1889. Nesse período, a cadeira de vice já foi ocupada por 24 brasileiros, mas somente seis deles tornaram-se presidente.
O primeiro vice-presidente a assumir a cadeira máxima do Brasil foi o marechal Floriano Peixoto. Ele tornou-se presidente com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca, em 1891, que renunciou ao cargo sob forte pressão do Congresso, que desejava diminuir seus poderes.
A segunda vez que um vice virou presidente aconteceu em 1918. Rodrigues Alves não assumiu o seu segundo mandato devido ao seu estado de saúde. Na época, Delfim Moreira, seu vice, assumiu o cargo interinamente e, de acordo com as regras constitucionais, foi realizada nova eleição da qual saiu vitorioso Epitácio Pessoa.
Em 1954, com o suicídio do presidente Getulio Vargas, Café Filho assumiu o governo. Por problemas de saúde, ele deixou o cargo no ano seguinte, sendo substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.
Um vice ganharia protagonismo político novamente em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros. Na ocasião, o nome do gaúcho João Goulart sofria resistências da UDN (União Democrática Nacional) e dos militares, que tentaram impedir sua posse por considerá-lo comunista – quando Jânio renunciou, ele, por exemplo, estava em visita à China.
A solução política foi criar um regime parlamentarista, tentando retirar poder de Jango, como ele era conhecido. Com isso, ele pode assumir a Presidência da República. Foi deposto em 31 de março de 1964, quando um golpe levou os militares ao poder por longos 21 anos.
Um vice-presidente só viria novamente a ocupar o cargo máximo do Brasil em 1985, por questões trágicas. O mineiro Tancredo Neves, eleito por um colégio eleitoral, seria o primeiro presidente civil depois de um longo período de ditadura militar (1964-1985), com presidentes militares.
Mas, na véspera da posse, Tancredo é internado. Depois de várias complicações, ele morre em 21 de abril de 1985. O maranhense José Sarney, que fez parte do regime militar, mas foi fundamental para a eleição de Tancredo, tornou-se presidente.
Em sua gestão, ele implantou o Plano Cruzado, que congelou os preços no Brasil e conseguiu reduzir a inflação brasileira por um curto período de tempo.
Quando deixou o poder, em 1990, Sarney deixou como legado uma hiperinflação de mais de 80% ao mês.
Curiosamente, a hiperinflação só foi vencida com um vice-presidente: o mineiro Itamar Franco. Ele herdou a cadeira de Fernando Collor de Mello, que deixou poder depois de um processo de impeachment.
Itamar Franco dirigiu o Brasil de 2 de outubro de 1992 até janeiro de 1995. Durante seu mandato, foi responsável pela criação do Plano Real, que acabou com a hiperinflação brasileira.
Com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, cujos próximos lances são imprevisíveis, Temer pode vir a ser o sétimo vice a assumir o protagonismo político brasileiro.