Dados do mercado de bebidas mostram que o consumo de vinhos subiu 72% no 2º trimestre deste ano. De janeiro a junho, o consumo per capita de vinhos e espumantes no Brasil passou de 2 litros por habitantes, em 2019, para 2,7 litros ao final do primeiro semestre de 2020. O que não é pouco. Na verdade, é uma marca histórica. Para falar sobre o segmento, o consumo e essa alta nas vendas, a revista IstoÉ Dinheiro convidou para entrevista em live Ari Gorenstein, que é co-CEO da Evino, segundo maior comércio eletrônico de vinho da América Latina. Na conversa, o executivo descreve um pouco o comportamento do mercado durante a quarentena, dos brasileiros frente às mudanças de hábitos de consumo da bebida e as projeções de futuro. “Quem se aventura ao mundo do vinho é muito difícil dar um passo para trás. Nossa missão é democratizar o acesso ao consumidor brasileiro”, avaliou.

Em entrevista ao diretor de redação da revista, Celso Masson, o executivo fala sobre o interesse crescente do consumidor por novidades e os desafios de oferecer rótulos a preços competitivos para as pessoas, apesar da alta do dólar. Para ele, a crise cambial é ruim para os negócios, mas a resiliência é a palavra chave. “O brasileiro é aberto, curioso e explorador”, disse. Em busca de oferecer essas novas vivências e experiências, Gorenstein entende que na quarentena houve uma migração de bares e restaurantes para o lar, o que resultou numa mudança de consumo, que agora acontece dentro de casa. “O vinho é uma bebida mais socialmente aceita em um momento de reclusão e confinamento. Uma indulgência das pessoas entre quatro paredes”, opinou.

Uma das estratégias da empresa é o foco em redes sociais, com informação de qualidade, cursos e lives com produtores. De acordo com Gorenstein, as vinícolas nacionais tendem a se beneficiar no médio prazo. “Com as viagens de turismo dentro do Brasil, as pessoas vão passar a valorizar mais o vinho nacional.” Segundo o executivo, a comercialização pelo Evino de rótulos nacionais de pequenos produtores brasileiros, aqueles que dependiam do turista na porta da adega para negociar, surpreendeu a todos. “A aceitação foi brutal, teve um conceito fantástico. Hoje, tem de tudo, 23% das nossas vendas são vinhos da França, 22% da Espanha, 20% Portugal, depois Chile, Argentina e em último lugar com 2% o Brasil. Mas a aceitação dos produtos brasileiros foi espetacular na quarentena. Teremos muitas surpresas nos próximos meses”, revelou.

Na live, o co-CEO comentou sobre as mudanças de comportamento de consumo dos italianos, americanos e chineses e também sobre o segmento de vinhos premium. O Evino registra vendas crescentes nestes tempos de quarentena. Só no ano passado, a Evino importou 7,15 milhões de garrafas, grande parte delas da França e da Itália, dois dos países mais atingidos pela covid-19. “O vinho acabou ocupando outros momentos da vida das pessoas”, finalizou.

Formado em Engenharia Industrial pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Gorenstein é mestre em Marketing de Vinhos pela École Supérieure d’Agriculture d’Angers e pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), além de possuir um MBA pelo Insper. Em 2013, ele e o sócio Marcos Leal fundaram o Evino, que desde então se tornou um dos maiores e-commerces de vinhos do País. A empresa nasceu com o DNA de desmistificar, descomplicar o mundo do vinho e prover essa democratização e acesso ao vinho, destacou Gorenstein. “A gente também é um modelo de negócio muito voltado a trabalhar vinhos de boa relação custo-benefício do Velho Mundo. Então, a gente tem aqui no Brasil um mercado dominado pelos vinhos do novo mundo e mais intensamente até pelos vinhos chilenos e argentinos, de 2013 para cá, essa lógica mudou”, afirmou.

Além de oferecer a melhor relação de custo-benefício do mercado, o Evino tem apostado em fortalecer também seu portfólio premium. Com novos rótulos em seu catálogo todos os meses, lançou o primeiro aplicativo de venda de vinhos no Brasil e oferece um clube de assinatura a preços acessíveis. “Nossa intenção é desbravar.” Em tempo: A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda não mais do que 240 ml de vinho para homens e 120 ml para mulheres diariamente.