Está aberta a disputa por cargos em Brasília. Alguns têm peso de ministérios e todos fazem parte do segundo escalão, composto por 117 autarquias e empresas públicas que lucraram R$ 35,7 bilhões no ano passado. Diante da corrida ao poder, DINHEIRO pinçou exemplos de êxitos e fracassos no segundo escalão ? e, em muitas áreas, há exemplos de sucesso. É o caso de Flávia Grosso, superintendente da Zona Franca de Manaus, a Suframa. Em quatro anos, o faturamento do pólo saltou de US$ 10 bilhões para US$ 25 bilhões e os empregos chegam a 110 mil. ?Conseguimos mudar a impressão de que a Zona Franca era uma coisa atrasada, dependente de incentivos?, diz ela. ?As empresas instaladas aqui vão faturar 30% a mais este ano.? Outro que vem agradando ? e já ouviu elogios diretos de Lula ? é Juan Quirós, da Agência de Promoção de Exportações, a Apex.

Dono de um estilo arrojado na hora de negociar, Quirós conseguiu efetivar a idéia do Radar Comercial, um mecanismo de inteligência que direciona os produtos brasileiros para mercados que realmente procuram por eles. Com isso, a Apex fez com que as 8,5 mil empresas que estão em seus cadastros respondessem por 68% dos US$ 123 bilhões exportados até outubro. Outra façanha de Quirós foi a criação dos centros de distribuição em países que servem de ?entrepostos? comerciais ? já são cinco. Silvio Crestana, da Embrapa, também pode exibir vitórias. Avanços na pesquisa renderão R$ 20 milhões em royalties neste ano. ?Desmistificamos a idéia de que a Embrapa era uma empresa que só cuida do pequeno produtor?, diz Crestana. ?Provamos que para estender os benefícios precisamos investir em tecnologia de ponta.?

 

Não há, no entanto, exemplos só de sucesso.Existem aqueles que perderam preciosos pontos ao longo dos últimos anos. Os casos mais emblemáticos dizem respeito a um ativo precioso para as empresas instaladas no País: os investimentos. Marcus Barros, presidente do Ibama, por exemplo, inchou a folha de pagamentos da autarquia em 110%. As contas do Ibama não fecham e devem chegar ao fim do ano com um rombo de R$ 63 milhões. E ainda há 72 empreendimentos parados no Brasil por falta de licenciamento ambiental. Alguns, como a hidrelétrica do rio Madeira, avaliada em R$ 20 bilhões, poderiam fornecer a energia necessária para o crescimento. ?Isso gera insegurança?, diz Armando Monteiro Neto, da CNI.

Situação semelhante é a da Funai, de Mércio Pereira Gomes. Em outubro, a planta da Vale do Rio Doce, em Carajás, foi tomada por 200 índios xikrin e o prejuízo da empresa foi estimado em US$ 10 milhões. ?A Funai não cumpre o seu papel?, avaliou a direção da Vale em nota divulgada na ocasião. Ao analisar os problemas do segundo escalão, é impossível deixar de fora a Infraero, comandada pelo brigadeiro José Carlos Pereira, em função do apagão aéreo.

Outro destaque negativo é o de Antônio Rodrigues, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que deveria fiscalizar o sistema bancário e não enxergou nada do ?valerioduto?. Na montagem de seu segundo governo, cabe um conselho ao presidente Lula: é melhor deixar o governo na mão de técnicos.