Diz muito do futuro da economia global a escolha do próximo presidente dos EUA dentro de mais algumas semanas. Mitt Romney, o fanfarrão conservador, que venceu o último debate por ataque a seu opositor, atual titular do cargo, Barack Obama, é – para dizer o mínimo – o imponderável em relação ao resto do mundo. Pelas declarações e discursos mostra desprezar a classe média, desconhecer (e desconsiderar) parceiros de vários continentes e ainda prega o aumento de gastos na Defesa. Segue à risca um provincianismo que a cartilha republicana muitas vezes consagrou. Seu antecessor partidário no posto, George Bush, legou aos EUA um déficit orçamentário de US$ 1 trilhão, empreendeu uma política bélica expansionista que rendeu rombos homéricos e tratou de, literalmente, quebrar o sistema financeiro com a liberalidade dada à prática dos subprimes. 

 

110.jpg

 

Em resumo, deixou um desastre administrativo que alcançou o resto do planeta, em ondas sentidas até hoje. Romney promete mais do mesmo. Na semana passada, em um pronunciamento que chocou autoridades internacionais, reduziu a apenas duas frases seus planos para a América Latina, ignorou África, China e Rússia, que não mereceram sequer menção, e fixou-se em nova investida armamentista sobre o Oriente Médio. Estava, diga-se de passagem, tratando de sua política externa. É esse tipo de liderança da potência americana que o planeta espera? De Obama muitos se queixam pela demora dele em empreender uma reviravolta, prometida em campanha, para colocar os EUA de novo na trilha do crescimento – e por tabela os demais. 

 

Mas, mesmo em um ritmo abaixo do esperado, o democrata vem angariando algum resultado nesse sentido. Há alguns dias foi divulgado o último número sobre a taxa de desemprego no País, que caiu ao menor nível em quatro anos, passando de 8,1% para 7,8% em setembro. É uma conquista digna de nota. Obama não é dado a propostas eleitoreiras. Perdeu o confronto por não entrar na tática populista do adversário Romney, que, sem dizer exatamente como nem de onde tiraria os recursos, garantiu ser capaz de, ao mesmo tempo, gerar ao menos quatro milhões de novos empregos, cortar impostos, enxugar a dívida e investir mais. É possível levá-lo a sério?