02/10/2002 - 7:00
Três gerações de brasileiros, quando crianças, já provaram das rosquinhas Mabel, aqueles biscoitos de côco que vêm num pacotão feito para enfastiar os glutões. Pois as indústrias Mabel, às vésperas de completar 50 anos, transformaram-se na sensação do momento no setor de alimentos. Há três anos consecutivos vem crescendo entre 15% e 35% anuais. Diversificou de tal forma a produção que hoje oferece 250 itens. Projeta faturar R$ 300 milhões até dezembro próximo. No ano passado, recebeu ofertas formais de compra pelas multinacionais Nabisco e Danone. Recusou ambas. Em 2002, a Mabel começou a disputar com a Nestlé a posição de maior produtora de biscoitos do País ? ambas estão no patamar de vendas entre 10 e 12 mil toneladas ao mês. Mais surpresas virão em 2003, quando deve ter início o reinado absoluto da Mabel no setor. O plano é produzir 18 mil toneladas de biscoitos ao mês, contra 14 mil da Nestlé. Agora é a multinacional que se movimenta para fazer oferta de compra da rival.
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Candidatos: Nabisco, Danone e Nestlé já manifestaram interesse |
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?Nosso atual objetivo não é vender o negócio para as múltis, mas expandi-lo?, afirma Sandro Mabel, presidente do grupo. ?Estamos em grande ascensão e dentro de três anos teremos uma visibilidade nacional que vai triplicar o valor da empresa. Aí sim, pode ser vantajoso negociar.? A Mabel tem hoje 3 mil funcionários e cinco fábricas, distribuídas por Goiânia (GO), Ribeirão Preto (SP), Três Lagoas (MS), Aracaju (SE) e Rio de Janeiro. Está prestes a inaugurar a sexta, em Aracoari (SC). A próxima será em Belém ou Manaus. Por trás da expansão tem o capital e o expertise do Banco Icatu. A proporção é 40% para o banco e 60% para a família Mabel.
A indústria foi fundada em 1953, em Ribeirão Preto, por dois imigrantes italianos, Délio e Nestore Scodro. Eles queriam fabricar fornos de padaria, mas tiveram que vender os biscoitos saídos dos fornos para pagar as contas. Até 1967, vendiam as guloseimas em Kombis. Foi nessa época que profissionalizaram a indústria. Há três anos, o Icatu entrou na jogada e todos os membros da família Scodro saíram da linha de frente, menos Sandro. Ele assumiu a fábrica em 1983, aos 24 anos. Hoje, aos 43, quer se transformar no maior biscoiteiro do País.