O fascínio do ouro brilhou em 2010 como há muito não se via. Pressionadas pela alta da inflação e pelo excesso de dinheiro no mundo, que elevaram os preços das commodities, as cotações do metal dourado bateram recordes históricos. 

 

Em Nova York, o ouro fechou a US$ 1.421 a onça troy (31 gramas), o maior nível da história recente, subindo cerca de 30% no ano passado. Em janeiro de 2011, porém, os preços caíram 5,5%. Algo parecido ocorreu na BM&FBovespa (veja gráfico). 

 

35.jpg

Brilho intenso - Operário de mina de ouro no Zimbábue 
sorri ao deixar o trabalho: preços recorde para o metal dourado

 

No ano passado, o metal completou uma década de valorização consecutiva, a série de ganhos mais longa desde 1920. A corrida pelo metal amarelo atraiu até mesmo o megainvestidor George Soros. Há um ano, ele dobrou sua participação no fundo americano SPDR Gold Trust, o segundo maior do mundo a investir no metal. É hora de comprar?

 

O risco nunca esteve tão alto. O ouro é um investimento defensivo em momentos de insegurança e quando a inflação ameaça subir, como está ocorrendo agora. A tensão no Egito e em outros países do Oriente Médio e do norte da África eleva o preço do petróleo, pressionando os índices. 

 

Esse movimento aumenta a riqueza dos países do Oriente Médio, tradicionais compradores de ouro. “As tensões sociais no Egito, Tunísia e Jordânia acabam servindo de colchão para que o metal não caia”, diz Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos.

 

Ele avalia que o melhor momento de compra  já passou. “Havia uma oportunidade de investir no início de 2009, quando o ouro estava cotado a US$ 900 a onça.” E descarta a hipótese de uma valorização tão expressiva quanto a de 2010. “Em 2011, a melhor alternativa deve ser a renda fixa, que pode render mais de 13% sem susto .” 

 

36.jpg

 

Espírito Santo avalia que o ouro poderá proporcionar um ganho entre 10% e 15%, a mesma estimativa para a bolsa. “É quase o mesmo que a renda fixa, mas com muito mais risco.” Apesar de não recomendar a compra, ele sugere que quem investiu há algum tempo não venda agora. 

 

Quem gostar de emoções fortes, for movido a adrenalina e quiser apostar no sobe e desce das cotações do metal, porém, pode aproveitar essa baixa para um investimento especulativo. “A queda de janeiro faz parte da sazonalidade dos preços”, diz André Nunes, presidente da corretora Fitta, especializada nesse produto. 

 

Para investir, é preciso procurar uma corretora. A BM&F negocia contratos de ouro de 250 gramas no mercado à vista e dois contratos fracionários de dez gramas e de 0,225 grama.  A bolsa brasileira é a única do mundo onde se negocia o ouro à vista.

 

Também é possível investir no mercado a termo, nos contratos futuros e nas opções de compra e de venda, ou optar por fundos que tenham o ouro como indexador. No entanto, esses são mercados bastante arriscados, que podem deixar os investidores mais afoitos com um sorriso amarelo no rosto.