05/03/2010 - 1:00
No descolado bairro do Soho, em Nova York, onde galerias de arte dividem espaço com grifes moderninhas, uma longa fila chama a atenção na entrada de uma quadra de esportes. Não se trata de nenhum jogo e os termômetros marcam uma temperatura abaixo de zero. Mas a sensação térmica para quem aprecia o mundo da moda é de um calor senegalês. É que o lugar serviu de palco para a Gant, marca criada nos Estados Unidos e sediada na Suécia, apresentar uma coleção esportiva desenvolvida pelo estilista americano Michael Bastian, o novo queridinho do mundo da moda.
?Contratamos Michael Bastian para dar à Gant uma expressão mais fashion?, disse à DINHEIRO Dirk-Jan Stoppelenburg, o CEO da Gant. Com isso, a grife pretende expandir sua base de clientes masculinos, hoje na faixa dos 40 anos, atraindo tipos mais jovens. Mais: com a imagem renovada, a empresa, dona de 300 lojas próprias e de um faturamento de cerca de ? 1 bilhão, quer aumentar a sua presença em mercados-chave na Europa e no Brasil. ?Acredito que em alguns anos o Brasil estará entre nossos principais mercados?, aposta Dirk-Jan.
Para isso, a empresa preparou um ambicioso plano de investimentos que prevê a expansão do número de lojas no País. Até 2012 a marca saltará dos atuais três pontos de venda para dez lojas espalhadas pelo Brasil. E o desempenho de vendas das roupas criadas por Bastian, que se inspirou no lacrosse ? esporte cujo objetivo é fazer gols passando a bola entre os jogadores com um bastão que possui uma rede na extremidade ?, servirá de termômetro para analisar o mercado brasileiro.
?Não gosto da ideia da moda retrô. Prefiro criar peças atuais, que o homem vá de fato usar?, diz o estilista à DINHEIRO. Essa filosofia de Bastian, descrito por vezes como um designer à moda antiga, é o que faz com que ele tenha o perfil da Gant, cuja característica mais marcante é mesclar a casualidade americana com a elegância europeia.
Versatilidade: A coleção apresentada pela Gant (acima), em nova york, será vendida em lojas como a da rua bela cintra (abaixo), em são Paulo
?A Gant é uma marca para o homem que quer andar bem-vestido sem ser demasiado tradicional. Ainda não é um nome conhecido do grande público, mas tem muito espaço para crescer?, explica André Robic, diretor do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa). Além de roupas masculinas, que respondem por 62% do faturamento, a Gant possui uma linha feminina, com 19% das receitas, e atua nos segmentos infantil e de decoração, que, juntos, respondem por 19% das vendas. Seus principais concorrentes são a Ralph Lauren e a Tommy Hilfiger.
A marca foi fundada em 1949, nos EUA, por Bernard Gantmacher, um imigrante da Ucrânia que se tornou célebre ao fazer camisas com um pequeno G bordado no colarinho. Com o crescimento da grife, que chegou a ter entre seus clientes o herdeiro do trono inglês Eduardo VIII (1894 ? 1972), o nome mudou para Gant.
Nos anos 80, três suecos com experiência no mercado têxtil, Lennart Björk (atual chairman da grife), Klas Käll e Staffan Wittmark, adquiriram os direitos da marca para vender a Gant na Suécia. Em 1999, o grupo de suecos adquiriu o controle da grife. Mas foi em 2008 que a marca deu o grande salto. Comprada numa oferta hostil pelo grupo de investimento suíço Maus Frères, dono da Lacoste, ela passou a expandir sua operação.
No Brasil, quem detém o direito de comercializar a marca é o grupo têxtil português Ricon, que fabrica cerca de 60% das roupas da Gant. ?Agora, com a chegada do grupo, podemos focar nossas estratégias para o longo prazo, o que antes era quase impossível?, conta o CEO Dirk-Jan.
?O Brasil estará entre nossos principais mercados?
Entrevista
Dirk-Jan Stoppelenburg, o CEO da Gant, falou à DINHEIRO durante a apresentação da nova coleção da grife. Acompanhe:
Por que contratar Michael Bastian para desenhar a coleção da Gant?
Queríamos dar uma expressão mais fashion para nossas coleções de moda esportiva. Foi isso que Michael nos trouxe. Na próxima estação, queremos que ele faça uma linha feminina.
Quais são os outros planos da Gant para 2010?
Nosso foco é abrir grandes lojas conceito. Acabamos de abrir em Estocolmo e em Londres e logo abriremos em Hamburgo e Milão.
E quanto à Gant no Brasil?
A Gant chegou ao Brasil há apenas dois anos. Mas acredito que em cinco anos o Brasil estará entre nossos principais mercados.