06/11/2022 - 7:44
A questão do financiamento dos danos inevitáveis já causados pelas mudanças climáticas será abordada na COP27, de acordo com a agenda adotada por consenso neste domingo (6), na abertura da cúpula mundial do clima em Sharm El-Sheikh, no Egito.
Países pobres e vulneráveis, pouco responsáveis pelo aquecimento global, mas muito expostos às suas consequências devastadoras, vêm insistindo há meses para que esta questão de “perdas e danos” seja oficialmente colocada na agenda da COP.
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Os países pobres pedem a criação de um sistema de financiamento específico, enquanto os desastres climáticos se multiplicam em todo o mundo, causando danos que já chegam a dezenas de bilhões de dólares.
No ano passado, durante a COP26 em Glasgow, diante da relutância dos países ricos, decidiu-se criar um quadro de “diálogo” sobre a questão do financiamento de perdas e danos, até 2024.
Mas durante a primeira sessão desse diálogo em junho, os países em desenvolvimento e vulneráveis denunciaram a falta de progresso e exigiram que o assunto fosse oficialmente colocado na agenda da COP27.
Finalmente, foi adicionado à agenda oficial da conferência a discussão de “questões relacionadas a acordos de financiamento em resposta a perdas e danos associados aos efeitos adversos das mudanças climáticas, incluindo o foco na gestão de perdas e danos”.
Uma nota esclarece que os resultados dessas discussões não impedirão eventuais ações legais no futuro.
É em particular o medo de se expor a possíveis processos legais que torna os países ricos, em particular os Estados Unidos e a Europa, relutantes em reconhecer especificamente o conceito de perdas e danos.
Eles também acreditam que os “financiamentos climáticos” já possuem mecanismos suficientes para que as “perdas e danos” encontrem um lugar, sem adicionar complexidade.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Choukri, que preside a COP27, enfatizou que as discussões na agenda “não dizem respeito a responsabilidade ou compensação” e essas discussões devem se sobrepor às lançadas em Glasgow e visam levar à mesma data de 2024.
“Esta inclusão na agenda reflete um sentimento de solidariedade e empatia pelo sofrimento das vítimas de desastres induzidos pelo clima”, continuou ele, agradecendo a todas as partes por sua “flexibilidade” e prestando homenagem aos “ativistas e à sociedade civil” que têm trabalhado durante anos nessa direção.
O chefe da ONU-Clima, Simon Stiell, chamou de “crucial” esta questão de perdas e danos na abertura da conferência.