No próximo domingo (2) será realizado o primeiro turno das eleições gerais de 2022. Serão cinco votos: deputado federal, deputado estadual, senador, governador e Presidente da República. Para os cargos de senador, governador e presidente a conta é simples: quem tiver mais votos vence. 

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Na formação das assembleias estaduais e da Câmara dos Deputados, no entanto, a conta é mais complexa. Existe o mecanismo chamado quociente eleitoral que faz com que, muitas vezes, o seu voto em um candidato eleja um outro. O cientista político Alberto Carlos Almeida explica melhor. 

“Esse cálculo matemático leva em conta os votos válidos dados para deputado e divide pelo número de cadeiras. No exemplo da eleição para deputado federal em São Paulo em 2018, foram mais de 21 milhões de votos válidos que, divididos por 70, que é o número de cadeiras da Câmara de São Paulo, deu 301.488 mil votos”, apontou. 

A conta das cadeiras que um partido terá na câmara leva em conta esses votos. Caso o partido receba 3 milhões de votos válidos, ele vai eleger 10 deputados. 

Quem tem menos não entra?

Não. Esse é apenas o número que um candidato precisa ter para não depender de nenhum outro nome do seu partido para ser eleito. Em 2018 somente cinco deputados superaram o quociente em São Paulo.   

É isso que explica candidatos que se elegeram com menos votos do que muitos que ficaram de fora. Um exemplo da última eleição é o candidato à Câmara dos Deputados pelo PSDB de São Paulo Miguel Haddad. Ele teve com 86.042 votos e não foi eleito, enquanto o candidato Alexis, do Novo, teve 45.298 e conseguiu a vaga.  

Isso aconteceu por conta dos votos válidos que o partido recebeu para o cargo. O PSDB teve 1.729.697, entre votos na legenda e em seus candidatos, e conseguiu eleger seis deputados. Já o Novo teve 899.904, votos suficientes para eleger três deputados. Haddad não conseguiu entrar porque foi o sétimo tucano mais votado e Alexis foi o terceiro mais votado do Novo.   

Mudança na regra enfraqueceu puxadores de votos

Muito também se fala nos puxadores de votos. Aquele candidato que vai superar por muito o quociente eleitoral e ajudar o partido a conquistar mais cadeiras. Um dos exemplos mais famosos é Enéas Carneiro, que teve 1,6 milhão de votos em 2002. Esse número só foi superado em 2018 por Eduardo Bolsonaro, que teve 1.8 milhão de votos. Pela conta, a votação de Eduardo conseguiu eleger mais cinco deputados além dele próprio.   

Um mecanismo, no entanto, enfraqueceu essas figuras. Se antes mesmo candidatos com pouquíssimos votos poderiam ser eleitos, agora há um mínimo de 20% do quociente para um candidato entrar. O PSL, por exemplo, conseguiu votos o suficiente em São Paulo para eleger 14 deputados, mas só elegeu 10, porque os outros não conseguiram atingir os votos mínimos.    

Por conta dessa mudança, Alberto explica que o ideal é o eleitor fugir dos grandes puxadores de votos e escolher um candidato da federação partidária de sua preferência, mas que não esteja tão badalado.

Votos na legenda e federação partidária 

Uma outra novidade dessa eleição são as federações partidárias. Elas vão funcionar de uma forma parecida com as coligações, mas com a diferença de que elas têm de ser nacionais e se manter unida por pelo menos quatro anos. 

Há três federações partidárias no Brasil hoje: PT-PV e PC do B; PSDB e Cidadania; PSOL e Rede. Na eleição para deputado elas vão funcionar como se fosse um partido único. O mesmo vai acontecer no voto na legenda, quando o eleitor apenas digita os dois primeiros números do partido e confirma.