30/01/2018 - 19:09
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, considerou que uma associação entre Boeing e Embraer é reflexo de uma mudança na competição global do mercado de aeronaves e prova do êxito internacional da fabricante brasileira. Comparando o mercado à uma competição de futebol, o executivo considerou que Embraer “tem jogado muito bem com a Bombardier, concorrendo na série B do futebol”, do mercado de aeronaves regionais, enquanto a Boeing e a Airbus jogavam na série A, dos grande jatos. Ele lembrou, porém, que a série B deve ser ampliada, com a chegada de novos “times” que devem deixar a competição mais difícil, numa referência a novos entrantes que prometem ampliar a concorrência no segmento.
Por outro lado, ele considerou que o acordo entre Bombardier e Airbus elevou o nível dos times. “Agora entram jogadores da serie A para competir na série B. É como exportar o Neymar para jogar um jogo de interior, desequilibrou a organização comercial anterior”, disse, considerando natural as negociações da empresa norte-americana com a brasileira, já que as duas companhias “conversam há anos”. “Eles querem vir jogar no nosso time, não pode ser considerada uma invasão”, comentou, considerando que “manter o esquema nacional” se tornou mais complexo. Para ele, o interesse pela Embraer também reflete o êxito da fabricante brasileira, que se tornou visível e parte do jogo internacional e se tornou cobiçada. “É prova inequívoca do sucesso da companhia.”
Rabello reforçou as declarações do presidente Michel Temer sobre a operação, com ressalvas sobre os segredos tecnológicos desenvolvidos pelos brasileiros e para a permanência de investimentos e empregos no território nacional. Segundo o executivo, o BNDES tem acompanhado com atenção e realizado um estudo aprofundado sobre um potencial negócio e representantes da instituição participam de um grupo de trabalho do governo composto também por membros dos ministérios da Fazenda e da Defesa, além de outros atores da área jurídica, para avaliar os detalhes da operação. Segundo ele, o governo deve ouvir o grupo de trabalho, que alinhará as condições fundamentais para uma eventual aprovação do negócio.