27/11/2017 - 14:24
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou que a “extensa” duração do regime fiscal brasileiro, de 20 anos, torna-o “confortável”, sendo que o País deveria ficar atento às necessidades “prementes de ajuste fiscal”. “O regime fiscal é perfeito e ele está se provando, pelo contrário, até confortável demais, porque nós precisamos acelerar o passo dessas reformas”, disse, em conversas com jornalistas após participação em seminário da Aserc.
Questionado sobre as negociações com o governo para devolução antecipada de recursos devidos ao Tesouro Nacional, Rabello afirmou que nem o Tesouro nem o TCU têm insistido mais no volume de R$ 130 bilhões proposto inicialmente. “Há uma certa insistência em um número mágico, por assim dizer, de R$ 130 bi, sobre os quais nem o Tesouro. nem o TCU nem o BNDES têm certeza. A única certeza é que um número em torno desse não é compatível com a previsão de acelerar a expansão do crédito em 2018.”
Segundo o presidente do banco de fomento, a instituição ainda está estudando a demanda de crédito total para chegar a um volume adequado de recursos para devolver aos cofres públicos. Ele destacou, porém, que a queda das concessões ocorre tanto do lado público quanto privado: “Não tem ninguém tirando lugar de ninguém, estão todos recuando”.
“O que uma entidade pública de crédito fará num momento desses? Acompanhar o setor privado, dando cada vez menos crédito, ou tentar fazer o contrário, que é estimular a economia para obtenção de mais crédito, e prover mais acesso a micro e médias empresas que estão secas de crédito? Essa resposta determinará quantos bilhões nós podemos adiantar eventualmente”, concluiu.
Rabello comentou ainda a saída de Marco Schroeder do comando da Oi, que enxerga como “apenas mais um episódio num processo de recuperação judicial bastante preocupante”. Em sua avaliação, a notícia “empurrou a obtenção de um plano confortável mais para longe”. Porém, ainda que o BNDES tenha “total interesse” em abreviar esse processo, o banco “não ficou tranquilo nem intranquilo”, disse Rabello. “Somos um credor institucional, não temos emoção. Queremos a higidez da empresa, a saúde financeira de volta”.