Por Michael Holden e Russell Cheyne

BALMORAL, Escócia (Reuters) – A rainha Elizabeth, monarca mais longeva do Reino Unido, a figura central do país e uma presença imponente no cenário mundial por sete décadas, morreu pacificamente em sua casa na Escócia nesta quinta-feira, aos 96 anos.

“A morte da minha amada Mãe, Sua Majestade a Rainha, é um momento de grande tristeza para mim e para todos os membros da minha família”, disse o novo rei, o filho mais velho de Elizabeth, Charles.

“Lamentamos profundamente o falecimento de uma Soberana querida e de uma Mãe muito amada. Eu sei que sua perda será sentida profundamente em todo o país, nos reinos, na comunidade britânica, e por inúmeras pessoas ao redor do mundo”.

O Palácio de Buckingham disse que Charles e sua esposa Camila, a rainha consorte, permanecerão em Balmoral nesta noite e retornarão a Londres na sexta-feira.

Charles, de 73 anos, torna-se automaticamente rei do Reino Unido e chefe de Estado de outros 14 países, incluindo Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Na quinta-feira, a família real britânica se apressou para ficar ao lado da rainha depois que médicos disseram que estavam preocupados com a saúde da monarca, afirmando que ela deveria permanecer sob supervisão médica. Ela vinha sofrendo do que o Palácio de Buckingham chamou de “problemas de mobilidade episódicos” desde o final do ano passado, que o forçaram a se retirar de quase todos os seus compromissos públicos.

Seu último compromisso aconteceu na terça-feira, quando nomeou Liz Truss como primeira-ministra do Reino Unido, a 15º líder de seu reinado.

“A morte de Sua Majestade a Rainha é um grande choque para o país e para o mundo”, disse Truss do lado de fora de seu gabinete em Downing Street, onde a bandeira, como em outros palácios reais e edifícios governamentais em Londres, foi baixada a meio mastro.

Milhares de pessoas se reuniram do lado de fora do Palácio de Buckingham, no centro de Londres, e houve um silêncio atordoado quando a bandeira foi hasteada a meio mastro. A multidão se aglomerou no portão quando o aviso anunciando a morte do único monarca que a maioria dos britânicos já conheceu foi anexado à grade de ferro preta.

Na grande avenida Mall que leva ao palácio, táxis pretos de Londres faziam fila em homenagem.

A notícia chocou não apenas as pessoas no Reino Unido, com condolências de líderes de todo o mundo. Em Paris, a prefeita anunciou que as luzes da Torre Eiffel seriam apagadas em homenagem à sua morte.

“Seu legado será grande nas páginas da história britânica e na história do nosso mundo”, disseram o presidente dos EUA, Joe Biden, e sua esposa, Jill, em um comunicado.

Elizabeth, que também era a monarca mais velha do mundo, subiu ao trono após a morte de seu pai, o rei George 6º, em 6 de fevereiro de 1952, quando ela tinha apenas 25 anos.

COROAÇÃO

Ela foi coroada em junho do ano seguinte. A primeira coroação televisionada foi um prenúncio de um novo mundo em que a vida da realeza se tornaria cada vez mais acompanhada pela mídia.

“Por toda a minha vida e com todo o meu coração, me esforçarei para ser digna de sua confiança”, disse ela em discurso para seus súditos em seu dia de coroação.

Elizabeth tornou-se monarca em uma época em que o Reino Unido ainda mantinha muito de seu antigo império. O país estava emergindo dos estragos da Segunda Guerra Mundial, com o racionamento de alimentos ainda em vigor e privilégios ainda dominantes na sociedade.

Winston Churchill era o primeiro-ministro da época, Josef Stalin liderava a União Soviética e a Guerra da Coreia estava em andamento.

Nas décadas que se seguiram, Elizabeth testemunhou grandes mudanças políticas e convulsões sociais em casa e no exterior. As tribulações de sua própria família, principalmente o divórcio de Charles e sua falecida primeira esposa, Diana, foram apresentadas em público.

Embora permanecendo um símbolo duradouro de estabilidade e continuidade para os britânicos em um momento de relativo declínio econômico nacional, Elizabeth também tentou adaptar a antiga instituição da monarquia às demandas da era moderna.

“Ela conseguiu modernizar e evoluir a monarquia como nenhum outro”, disse o príncipe William, seu neto, que agora é o herdeiro do trono, em um documentário de 2012.

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