08/06/2005 - 7:00
O investidor brasileiro está mapeado. Pela primeira vez, um levantamento científico mostra quem é, quanto aplica, quais produtos financeiros prefere e a quantas anda a disposição para o risco. Descobriu-se, também, que o País possui 2,4 milhões de investidores. O perfil médio do aplicador no mercado financeiro é homem, casado, ganha entre R$ 4,8 mil e 9,6 mil por mês, tem mais de 50 anos e nível superior completo. Importante: é extremamente conservador.
?Aplico para preservar meu capital e garantir uma aposentadoria tranqüila?, diz o engenheiro Adriano Soares Fontes, dono de R$ 90 mil reais distribuídos em dois bancos de varejo. Ele se encaixa no perfil médio revelado pela pesquisa, com 57 anos de idade, casado e três filhos. A renda fixa, apontada como investimento preferido pela maioria do público, é a opção do engenheiro. ?Remunera melhor que a poupança e, ao mesmo tempo, não oferece risco.?
O universo dos investidores é bastante restrito, prova o trabalho feito pelo Instituto Ibope por encomenda da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid). Intitulada ?Radiografia do investidor de fundos no Brasil?, a pesquisa ouviu, por telefone, mil pessoas das classes A,B e C. O número total de investidores representa apenas 4,5% das pessoas situadas nas três camadas pesquisadas. ?O grande desafio é conseguir atrair o público que está na caderneta de poupança?, afirma Sílvia Cervellini, diretora de planejamento e atendimento do Ibope. ?Como a indústria de fundos é relativamente nova, essa migração deve continuar ocorrendo aos poucos.? Quem já aderiu, aprova a modalidade. A maior parte dos investidores (52%) tem de dois a quatro fundos. Quem está de fora, parece querer entrar. A pesquisa revela que 31% dos entrevistados estariam dispostos a investir caso ganhassem uma renda suficiente. ?Este resultado mostra que existe não só um espaço enorme para crescimento como há, também, necessidade de se ampliar o acesso à indústria de fundos?, constata Fernando Fix, economista-chefe do Banco Votorantim.
A alardeada falta de cultura de poupança do brasileiro é um dos mitos que foi derrubado, pelo menos em parte, pela pesquisa. Isso porque, no discurso, 63% dos entrevistados alegam que o principal objetivo de se investir em um fundo é manter uma reserva para, em caso de emergência, sacar o dinheiro. Na prática, porém, 41% dos investidores mantém suas aplicações por mais de dois anos. O levantamento do Ibope também se debruçou sobre os investimentos feitos pelas pessoas jurídicas no País. A maior parte das empresas fatura até R$ 100 mil (35%), tem até 50 funcionários (60%), está no ramo de serviços (49%) e aplica acima de R$ 100 mil (40%). Um ponto que merece destaque é quanto ao objetivo das companhias em manter um investimento. Ao contrário do que se imaginava, as empresas não aplicam com a intenção de preservar um bom relacionamento com os bancos ? 32% pretendem usar o dinheiro para capital de giro, enquanto 25% almejam projetos futuros.